Segundo o presidente da AHP, Raul Martins, "2020 foi um péssimo ano" e os apoios foram insuficientes para fazer face às quebras registadas.
"Recuámos a valores de dormidas de não residentes de 1984! Mas 2021 não será melhor. A situação da Hotelaria é muito grave e os apoios insuficientes, é importante que se perceba isso. As empresas hoteleiras estão há um ano com quebras enormes", salientou numa nota à imprensa.
O presidente da AHP referiu que as empresas do setor já não conseguem pagar "os ordenados, os fornecedores e os impostos" e lembrou que estas empregam cerca de 90 mil trabalhadores, o que corresponde a 30% de todos os profissionais do setor do alojamento e restauração.
A AHP já solicitou ao Governo a criação de uma linha específica de apoio para a hotelaria, medidas financeiras e fiscais exclusivamente dirigidas às empresas hoteleiras e a isenção da TSU, aguardando a prorrogação urgente da moratória dos reembolsos de capital e juros das linhas de financiamento "COVID-19" e dos demais créditos bancários.
A nota de imprensa da Associação foi emitida a propósito da divulgação, na segunda-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) dos dados provisórios sobre os resultados de 2020 da atividade turística, que confirmaram as previsões da AHP.
Em março de 2020, a AHP tinha projetado uma perda de 7,3 milhões de dormidas e 800 milhões de euros, até junho.
Segundo a nota de imprensa, no final do ano passado o cenário apontado, tendo como base os resultados de 2019, "era ainda mais catastrófico: quebra de 70% nas dormidas (menos 40 milhões de noites) e de 80% nas receitas, alojamento e outras, o que equivale a menos 3,6 mil milhões de euros".
"Os resultados que o INE divulgou mostram ainda que, em 2020, entre as várias formas de alojamento, a Hotelaria e os Hostels se destacaram dos demais pelas ainda mais brutais quebras, com reduções de 64,5%, e 66,4%, respetivamente, muito superiores às registadas pelo alojamento local e pelo turismo no espaço rural e de habitação", referem.
A associação considerou igualmente grave a quebra registada nos diversos destinos.
"Como a AHP também já tinha previsto, as maiores quebras são e serão nos destinos urbanos e o especial impacto no principal destino religioso. Mais uma vez os números do INE revelam que Lisboa teve uma quebra de 76%; o Porto de 72% e Fátima ainda sofreu uma maior hecatombe, com uma redução de 78% nas dormidas, que se deveu principalmente ao colapso das dormidas de não residentes: menos 88%", conclui o comunicado.