Em entrevista à agência de notícias espanhola EFE, Van Trotsenburg, que está no cargo há apenas quatro dias, defendeu a adoção de medidas para que o progresso contra a pobreza não seja totalmente revertido.
O diretor do Banco Mundial, que acaba de voltar de uma viagem à China onde discutiu, entre outros assuntos, o processo de reestruturação da dívida dos países pobres, apresentará na próxima semana o plano de reformas durante suas reuniões de primavera com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
“O Banco Mundial é uma das poucas instituições capazes de fazer essa aposta. São tantos desafios que não dá só para falar, tem que de se agir”, disse.
Van Trotsenburg explicou que os governadores do Banco Mundial decidirão em breve aprovar um novo pacote de financiamento no valor de 50 mil milhões de dólares (cerca de 46 mil milhões de euros) em empréstimos para países de rendimento médio, que vigorará nos próximo 10 anos.
Além disso, para os países de baixo rendimento, o objetivo é conseguir mais dinheiro para fundos de emergência contra crises como a alimentar, mas acima de tudo que sejam feitos esforços para melhorar a sustentabilidade da dívida pública.
"Se acabarmos numa crise da dívida, corremos o risco de perder anos de desenvolvimento", explicou o economista, apelando aos países credores, e sobretudo à China, para agirem rapidamente para aliviar a dívida dos países que estão em risco de incumprimento, como a Zâmbia.
O Banco Mundial e o FMI participaram, recentemente, na criação de uma "mesa redonda" dentro do G20 para rever os processos de reestruturação da dívida no âmbito do chamado Quadro Comum, cuja presidência está, este ano, atribuída à Índia.
Nova Delhi já manifestou intenção de ser a voz dos países em desenvolvimento durante a liderança do G20, e a questão da dívida será uma das prioridades.
Van Trotsenburg não quis antecipar nada sobre um possível acordo para renovar o Quadro Comum, mas deixou claro que o Banco Mundial está a trabalhar o tema.
O diretor reconhece que grande parte da incerteza económica se deve a desafios globais como as mudanças climáticas, e, lembrando os jovens, disse entender a frustração de muitos e o pedido que formulam às instituições para que façam um esforço maior pelo planeta.
"Concordo com eles. Acho que temos que agir", disse Van Trotsenburg.
Sublinhando que as iniciativas climáticas não podem ser “uma moda”, mas devem estar presentes em todas as operações da agência, o diretor acrescentou que o Banco Mundial tentará aumentar o impacto das suas iniciativas, trabalhando com o setor privado para "triplicar" o efeito dos programas.
"Vemos isso como parte de um esforço global no qual o Banco Mundial pode dar uma contribuição muito boa, mas também acho que todos deveriam fazer o mesmo", acrescentou.
Estas preocupações farão parte da mensagem que as autoridades da organização levarão às reuniões de primavera agendadas para a próxima semana em Washington, nos Estados Unidos.
Posteriormente, o FMI e o Banco Mundial vão reunir-se, em outubro, em Marrakech, em Marrocos.