Em causa está o despedimento coletivo na Altice que envolverá 204 trabalhadores, depois da decisão final do grupo, que acabou por reduzir o número, face ao inicialmente previsto de 232 pessoas.
De acordo com o dirigente sindical, a reunião serviu para os representantes dos trabalhadores manifestarem ao Governo as suas preocupações sobre um despedimento coletivo que consideram “ilegal”, “criminoso”, “imoral”, “desumano” e “desnecessário”.
“Explicámos que este despedimento está assente em duas vertentes, a vertente económica, portanto, desde que a Altice cá chegou a preocupação é angariar dinheiro para o acionista, desde que cá chegou uma das componentes do ADN da Altice é a redução de efetivos. Em seis anos, a Altice já reduziu os efetivos em mais de 50%, através de suspensões de contrato, através de rescisões por mútuo acordo, através de pré-reformas”, explicou Manuel Gonçalves.
O dirigente sindical considerou que se trata de um processo político, uma vez que “a Altice tem utilizado os trabalhadores como arma de arremesso contra o Governo, contra a Anacom, com o objetivo de sacar dinheiro para o 5G”.
Assim, os representantes dos trabalhadores pediram, na reunião, a atuação do Governo “no sentido de travar este despedimento enquanto é tempo”, dado que, segundo comunicou a empresa ao Ministério do Trabalho, o despedimento será concretizado em 31 de outubro.
Foi ainda pedido ao Governo que altere o Código do Trabalho, “para que despedimentos destes não possam ter mais lugar”. “Se isto pegar […] vai ser um descalabro para a sociedade, são milhares de trabalhadores que vão ficar no desemprego”, apontou Manuel Gonçalves.
Segundo a Frente Sindical, dos 204 abrangidos pelo despedimento coletivo, 168 aceitaram a rescisão de contrato por mútuo acordo, embora de forma “forçada”.
“E porque é que é forçada? Porque a empresa diz-lhe ‘se aceitares a rescisão por mútuo acordo tens, por exemplo 60.000 euros’. O colega que fez um acordo em maio levou, em igualdade de circunstâncias, 90.000, mas [a empresa] diz-lhe ‘se não aceitares os 60.000 euros para rescisão de mútuo acordo, vais para o despedimento coletivo e tens 30.000’ e o trabalhador vê-se entre dois males e escolhe o menor”, detalhou Manuel Gonçalves.
Adicionalmente, a Frente Sindical acusou ainda a empresa de praticar “terror laboral” há seis anos, levando os trabalhadores a quererem sair, embora tenham necessidade de trabalhar.
“Estes 168 viram-se também forçados. Era todos os dias os recursos humanos, todos os dias, todos os dias, [a dizer-lhes] ‘tens de dar resposta até amanhã’”, acrescentou.
Os representantes dos trabalhadores da Altice aguardam agora o agendamento de uma reunião no Ministério do Trabalho e têm também esperança de virem a ser recebidos pelo primeiro-ministro, António Costa.
No dia 24 de agosto, terá lugar uma reunião com o Partido Socialista, em Lisboa.
“Nós batemos às portas todas no sentido de travar este despedimento”, sublinhou Manuel Gonçalves.