Na mensagem interna enviada hoje, a que a agência Lusa teve acesso, a presidente executiva (CEO) da TAP, Christine Ourmières-Widener, destaca que este número representa “uma redução de menos 94% face ao número inicial previsto e exigido pelo plano” de reestruturação da companhia, que ascendia a 2.000 trabalhadores, tendo essa redução sido conseguida através da adesão a medidas voluntárias, como acordos temporários de emergência com os sindicatos, rescisões por mútuo acordo e integrações na Portugália.
Segundo refere, tal permitiu que “o número de trabalhadores elegível para rescisão unilateral fosse reduzido para 124”, assim distribuídos pelos principais grupos profissionais da TAP: 35 pilotos (face ao número inicial de 458); 28 tripulantes de cabina, contra os inicialmente previstos 747; 38 trabalhadores da ME [Manutenção e Engenharia] Portugal (relativamente ao número inicial de 450); e 23 trabalhadores da sede (face aos iniciais 300).
Na nota hoje enviada aos trabalhadores, a administração da TAP salienta ainda que, “mesmo durante o processo de despedimento coletivo, a empresa irá, até ao fim da fase inicial de informações, manter condições semelhantes às oferecidas nas fases voluntárias para os trabalhadores que optem por reconsiderar a sua decisão anterior”.
Nesse período, continuará também em aberto “a possibilidade de candidatura às restantes vagas na Portugália”.
“Com estas medidas esperamos poder continuar a reduzir o número de trabalhadores com saídas unilaterais em processo de despedimento coletivo”, sustenta a TAP, reafirmando-se empenhada em “conduzir e concluir este Plano de Reestruturação num clima construtivo e de entendimento”.
De acordo com a CEO da companhia aérea, a Comissão de Trabalhadores e a Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho foram hoje notificadas do início do procedimento de despedimento coletivo na TAP, “tendo cada um dos trabalhadores abrangidos sido também notificado individualmente”.
“Gostaria que a minha primeira mensagem escrita para todos vós fosse sobre um assunto mais positivo. Lamentavelmente, assim não acontece. Teremos de avançar com firmeza na concretização do Plano de Reestruturação. A sobrevivência e recuperação sustentável da TAP dependem da implementação eficaz deste plano, tal como mencionei na primeira mensagem vídeo que gravei e vos dirigi, no meu primeiro dia na TAP”, sustenta Christine Ourmières-Widener.
Na mensagem, a presidente executiva recorda “o impacto negativo e contínuo que a pandemia está a ter na economia mundial, na indústria da aviação e na TAP, em particular”, visando o Plano de Reestruturação em curso “ajustar a capacidade e estrutura de custos” da companhia “à realidade operacional atual e às projeções para os próximos anos”.
“Passados 15 meses desde o início da pandemia, a indústria da aviação está a voar cerca de 50%, comparativamente aos níveis de 2019, e a TAP não é exceção. Adicionalmente, todas as projeções apontam para uma retoma da procura lenta e muito gradual”, refere.
Antecipando que “uma procura equivalente à de 2019 não deverá acontecer até 2024/25”, a CEO ressalva que “este regresso aos valores anteriores estará sempre condicionado pela evolução da pandemia e pela eficácia da vacinação”.
“Sempre foi nossa prioridade promover e incentivar medidas voluntárias com compensações majoradas e superiores às legais. O nosso foco foi conduzir o processo com dignidade e respeito pelas pessoas, com todos os casos a serem avaliados individualmente”, garante Christine Ourmières-Widener.