Segundo a mesma fonte, Vernydub “pediu ao clube para ir à Ucrânia e poder trazer a família para Tiraspol”, situado na Transnístria, o que o emblema autorizou.
“A cidade de Zaporozhye estava fechada, não pôde sair. Alistou-se para defender a cidade”, contou à Lusa a mesma fonte do clube moldavo, que este ano participou na Liga dos Campeões.
Antes de se juntar à defesa da sua cidade contra a ofensiva militar russa em curso na Ucrânia, Vernydub liderou um grupo de jogadores que, na fase de grupos da ‘Champions’, chegou a vencer o Real Madrid (2-1), em pleno Santiago Bernabéu, em setembro do ano passado, feito assinalável para o primeiro clube moldavo nesta fase.
O clube acabou por ‘cair’ para o ‘play-off’ da Liga Europa, no qual defrontou o Sporting de Braga, que bateu por 2-0 na primeira mão, antes de sofrer o mesmo resultado no Minho, no segundo jogo, com os portugueses a vencerem no desempate por grandes penalidades e a qualificarem-se para os oitavos de final da prova.
Depois dessa partida, em Braga, no dia 24 de fevereiro, o técnico já tinha lamentado a situação que vivia o seu país.
“Nasci na Ucrânia, vivo na Ucrânia, e quero deixar umas palavras de apoio às pessoas na Ucrânia, as quais sofreram hoje de manhã um ataque da Rússia. Tenho orgulho nas pessoas que estão a defender o país”, disse na conferência de imprensa no final da partida.
Questionado sobre se tem família na Ucrânia, o treinador respondeu: “É difícil falar nesta situação, mas graças a Deus estão todos vivos.”
“Tenho mulher, dois filhos, dois netos, irmãos e irmãs, desejo-lhes saúde e que esta guerra não lhes toque. Quando chegar à Moldávia, vou pedir para ir ter com a minha família. Se precisarem da minha ajuda vou estar sempre lá”, concluiu.
Natural de Zhytomyr, no noroeste ucraniano, Yuriy Vernydub tem 56 anos e jogou em vários clubes como profissional entre 1983 e 2000, sobretudo na Ucrânia, mas também na Rússia e na Alemanha.
Trabalhou quase 10 anos no Metalurh de Zaporizhia, como adjunto, a que se seguiram outros oito como técnico principal do Zorya, numa das zonas ‘quentes’ do conflito, Lugansk.
Passou ainda pelo Shakhtyor Soligorsk, na Bielorrússia, ao serviço do qual se sagrou campeão em 2019/20, algo que alcançou também pelo Sheriff, em 2020/21.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e mais de 660 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.
Lusa