O piloto belga, nascido a 16 de junho de 1988 em Saint Vith, começou por ser um dos mais promissores da sua geração mas viu-se entalado entre os maiores nomes da modalidade (os franceses Sébastien Loeb, com nove títulos entre 2004 e 2012, e Sébastien Ogier, que venceu entre 2013 e 2018 e, novamente, em 2020 e 2021, e o jovem prodígio Kalle Rovanperä, campeão em 2022 e 2023).
Nesse entretanto, o piloto dos óculos cor de laranja terminou o Mundial por cinco vezes na segunda posição, em 2013, 2016, 2017, 2018 e 2019. Se, nas primeiras vezes, foi sempre batido por Ogier, em 2019 viu-se ultrapassado pelo estónio Ott Tänak, que viria a ser seu companheiro de equipa na Hyundai e que hoje bateu, vingando esse desaire de há cinco anos.
Neuville começou por dar nas vistas ainda no Intercontinental Rally Challenge (IRC), com os carros de 2000 cc. As boas prestações valeram-lhe um contrato com a Citroën, em 2012, ano em que terminou no sétimo lugar, depois de ter feito a sua estreia no Mundial em 2009.
O ano de 2013 mostrou uma das maiores armas de Neuville, a rapidez aliada à regularidade. Roubado pela Ford à Citroën, conquistou o primeiro pódio da carreira (terceiro lugar no México), voltando ao pódio na Grécia (terceiro lugar) antes de quatro segundos lugares consecutivos, em Itália, Finlândia, Alemanha e Austrália. O ano terminaria com um terceiro posto na Grã-Bretanha e o vice-campeonato, o primeiro de cinco.
A primeira vitória surgiu na Alemanha, em 2014, num rali de asfalto, aquela que parece ser a sua especialidade, no primeiro ano na Hyundai, depois de ter sido contratado pela equipa coreana para ser o chefe de fila e ajudar a desenvolver o seu carro.
Esses primeiros anos foram difíceis, com dois sextos em 2015 e 2016, seguidos de quatro segundos lugares consecutivos entre 2016 e 2019.
Portugal tem sido um dos palcos mais difíceis para o piloto belga que, para além de óculos laranja gosta de relógios garridos.
A única vitória em território luso aconteceu em 2018. Soma ainda dois segundos lugares, em 2017 e 2019, e um terceiro (este ano). Mas também alguns anos difíceis, como o de 2021 (36.º) e 2016 (29.º) e 2015 (38.º) e 2013 (17.º).
Agora sem a sombra de Rovanperä, que optou por tirar um ano quase sabático depois de dois títulos consecutivos, e com a lenda Ogier também a meio tempo, Thierry Neuville conseguiu, finalmente, ‘matar o borrego’, apesar de alguns erros cometidos ao longo da temporada poderem ter hipotecado o sonho.
Aos 36 anos, as possibilidades de ascender ao Olimpo estavam cada vez mais curtas e no próximo ano sabe que voltará a ter a sombra de um Rovanperä a tempo inteiro novamente.
A conquista do título pode ser o calmante que Neuville precisava para elevar a consistência e assumir-se como um verdadeiro campeão.
Disputou 167 ralis, somando 21 triunfos e 69 pódios, com 408 vitórias em especiais.
Tem uma filha de cinco anos, Camille, que o acompanha regularmente nas corridas. E que hoje festejou com o pai o primeiro título mundial de pilotos, o primeiro de um piloto da Hyundai.