Rosa Mota, de 66 anos, medalha de ouro na maratona dos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988, e que transportou num dos percursos a chama olímpica de Paris2024, refere numa nota enviada à Lusa que nunca recebeu o convite para estar presente em França.
A atleta veterana, que continua a somar recordes mundiais no seu escalão, adianta que se esforça por não se envolver em polémicas, mesmo com prejuízo da sua imagem, mas defende que, neste caso, “a mentira ou a nebulosa não podem ficar impunes”.
“Desta vez fiquei particularmente incomodada. E por isso decidi investir o meu precioso tempo a esclarecer a afirmação de quem me parece se preocupa demasiado com a sua notoriedade, nem que para isso tenha que usar o meu nome com meias-verdades”, adianta.
Rosa Mota refere que contactou os serviços do COP, que reconheceram que tinham cometido um erro. Face a isso, colocou um ponto final no assunto, pois acreditava que o organismo, que quer continuar a respeitar, iria recolocar a verdade dos factos e pedir desculpa pelo erro.
Mas, como tal não aconteceu, a campeã olímpica viu-se obrigada, “muito a contragosto”, a emitir um comunicado a esclarecer a situação.
“Ao não explicar o sucedido, ainda pode ficar a dúvida se o que aconteceu foi um lapso ou uma má-fé em que, não se querendo convidar, se diz que se convidou”, refere Rosa Mota.
A atleta acrescenta que, “noutras situações em que o empenho existiu, houve telefonemas que desta vez não existiram”.
“Os organismos e instituições não devem ser lesados por consequência da falta de responsabilidade, categoria ou lisura de quem as gere, por isso sublinho a minha consideração pelo COP enquanto organismo, bem como a minha tristeza por ‘proezas’ lamentáveis como esta em que me pretendem atingir”, adianta.
Rosa Mota refere ainda que se o convite tivesse chegado em abril, teria, como sempre faz em situações de igual importância e em que a sua resposta tivesse implicações no convite a outras pessoas, informado os serviços do COP da sua “não aceitação”.
Em 23 de julho, numa entrevista à Lusa, José Manuel Constantino refere que, como vem sendo prática, endereçou convites a quatro campeões olímpicos portugueses – o outro, Pedro Pichardo, irá defender o título conquistado no triplo salto em Tóquio2020.
“Convidámos o Carlos Lopes, que agradeceu, mas que invocou que pela idade, o cansaço, enfim, aquelas coisas todas, prescindia de ir e assistiria aos Jogos a partir de Lisboa. Convidámos a Fernanda, que invocou os mesmos problemas de enquadramento familiar. Convidámos o Nelson [Évora], que agradeceu, mas que foi pai e que, portanto, precisa de dar enquadramento à família. E convidámos a Rosa Mota, que não respondeu”, detalhou.
Lusa