"O [Cristiano] Ronaldo era diferente, tinha uma mentalidade e uma qualidade técnica acima da média e, com 15/16 anos, já dizia que ia ser o melhor do mundo, quando nós, os restantes colegas, apenas queríamos ser profissionais e ir à seleção", recordou Ginho, em declarações à Lusa.
Ginho, na altura médio no FC Porto, e Cristiano Ronaldo, em representação do Sporting, estrearam-se juntos nas seleções jovens, no Torneio de Torres Novas, de sub-15, em 2001, e o atual defesa do Paredes logo percebeu estar na presença de um jogador diferenciado.
"Na altura, olhámos para o que ele dizia sobre ser o melhor mais como um sonho, algo, se calhar, impossível para um jogador à época tão franzino por comparação às grandes referências da altura, como Ronaldo ‘Fenómeno’, Roberto Carlos, Figo ou Zidane. Foi uma ‘chapada de luva branca’ e a prova de que o foco e a determinação, além do talento, claro, tornam tudo muito mais fácil", recordou.
O primeiro jogo desse torneio, em 24 de fevereiro de 2001, frente à África do Sul, que Portugal venceu por 2-1, assinalou a primeira internacionalização de Ginho e de Ronaldo, que marcou o seu primeiro golo nas seleções, num percurso que os juntou até aos sub-19.
"Perder não está no ADN de ninguém, mas no caso do [Cristiano] Ronaldo era ainda pior. Fosse a jogar pingue-pongue, bilhar ou à carica. Ficava verdadeiramente fulo quando alguém lhe ganhava. Trabalhou muito para ser o que é hoje, o melhor ou, garantidamente, um dos melhores jogadores de todos os tempos", afirmou.
Desse tempo, Ginho guarda a memória dos torneios de futebol de formação da Pontinha, Marinhas ou Frielas, e da certeza que todos tinham na altura, com 11/12 anos, que os respetivos prémios para melhor jogador tinham em Cristiano Ronaldo o seu dono.
"Tive 16 internacionalizações entre os sub-15 e os sub-19, ainda consegui ir à II Liga, tive anos de profissional, fui lá fora e ganhei um troféu [Supertaça da Bulgária, pelo Cherno More]. Foi a carreira que consegui e penso que não foi má", defendeu Ginho, convicto de que "hoje há mais oportunidades para os jovens jogadores".
Perto do final da carreira, numa decisão que será revista anualmente, Ginho prepara o futuro na faculdade, frequentando o terceiro ano da licenciatura de Educação Física e Desporto.