O futebolista português Cristiano Ronaldo, com uma incontável ‘legião’ de fãs, é, inquestionavelmente, com o rival Messi à distância, o mais mediático dos 622 eleitos para disputar o Euro2020, adiado para 2021 pela pandemia da Covid-19.
Aos 36 anos, que completou em 05 de fevereiro, Ronaldo já só é o melhor do Mundo por deferência, pelo hábito de o dizer, quiçá a necessidade de perpetuar um ‘estado de alma’, mas a sua carreira, com ares de interminável, continua a ser pautada pelos recordes, que vão ‘caindo que nem tordos’ aos seus pés.
O jogador madeirense já não tem a velocidade de outros tempos, nem a ‘magia’ daquele drible que, junto à linha, ‘estonteava’ os defesas e o fazia partir imparável para a área, para faturar ou assistir, mas continua a marcar golos em ritmo de cruzeiro e, com eles, a construir um legado que vai perdurar para a eternidade.
Ronaldo é ‘marca’ de qualidade ímpar, e cada vez mais também de longevidade, sempre ao mais alto nível, ou não representasse há 18 anos aquelas que são as equipas número 1 de Inglaterra (Manchester United), Espanha (Real Madrid) e Itália (Juventus).
Desde que encantou Alex Ferguson, quando brilhou, ainda menino, com 18 anos, na inauguração do novo Estádio José Alvalade, em Lisboa, e rumou aos ‘red devils’, que o jogador formado em Alvalade iniciou uma subida ao ‘Olimpo’ do qual ‘teima’ em não querer descer.
Se agora já não é o melhor, o mediatismo continua no auge, na vida real, pelos carros que se deslocam ou os terraços que surgem ‘debruçados’ sobre a cidade, ou nas redes sociais, onde é dos mais procurados e escrutinados.
Na relva, também todos os olhares se projetam na sua direção, e continua a ser notícia quando está dois ou três ‘míseros’ jogos sem marcar, o que diz bem do que representa.
Quando não consegue o ‘golinho’ da ordem, nem que seja de penálti, nunca é feliz, parecendo por vezes que, para ele, isso é mais importante do que tudo, tal a pressão que se coloca, a posição em que permitiu que os outros o colocassem, como se, sem isso, pura e simplesmente não estivesse a cumprir a sua missão.
E, de facto, com o passar dos anos, que o ‘empurraram’ da linha para o meio e o ‘transformaram’ num finalizador, ‘apagando’ o desequilibrador, o golo passou a ser o seu modo de vida, aquilo que, para o mundo exterior, faz toda a diferença: chega um ‘hat-trick’, e volta a ser clamado como o ‘maior’ do Mundo, como ‘exige’, para, aos primeiros sinais de ‘seca’, lembrarem o seu fim.
Ronaldo percebeu há muito a importância de marcar, de aparecer, de ser o protagonista, e, por isso, investe forte, quer sempre fazê-lo, transformou-o na sua obsessão, e, para ele, que trabalha como poucos, que se dedica à ‘causa’ como ninguém, o querer, o querer muito, tem sido significado de poder.
Nesta época, como na anterior, na outra, e em todas as outras antes dessa, sobretudo desde que em 2009, trocou o United pelo ‘maior’ clube do Mundo, o Real Madrid, para uma aventura de nove anos, o português não falhou nesse capítulo, não sabe falhar.
Como se já fosse pouco tudo o que conseguira, somou mais um ‘montão’ de recordes à sua coleção e arrecadou mesmo o troféu de melhor marcador da Serie A, que lhe havia escapado nas duas primeiras épocas em Itália, onde joga desde 2018/19.
Depois de ‘top scorer’ da Premier League e ‘pichichi’ da Liga espanhola, conseguiu, como não, tornar-se o ‘capocannoniere’ da Seria A.
Marcou 29 golos, que lhe valeram também o terceiro lugar na tabela da ‘Bota de Ouro’, apenas atrás de Lionel Messi, posição que ao longo da carreira lhe deve ser a mais penosa de ocupar, e do irresistível polaco Robert Lewandowski, autor de 41 pelo Bayern, um novo recorde na Bundesliga.
Pela Juventus, já ultrapassou, aliás, os 100 golos, o que também tinha conseguido pelo United e o Real, e que já logrou igualmente de ‘quinas’ ao peito, sendo uma ameaça bem real ao recorde mundial do iraniano Ali Daei.
O registo poderá até ser batido no Europeu, competição em que se vai tornar o primeiro a alinhar em cinco fases finais, reforçar o recorde de jogos e, certamente, isolar-se como o melhor marcador de sempre, deixando para trás o ‘mítico’ Michel Platini.
A sua intenção será essa, e também por isso, por tudo isso, pelo que fez e as marcas que ainda quer deixar, Cristiano Ronaldo é, aos 36 anos, o mais mediático jogador do Euro2020, mesmo que estejam Kylian Mpappé, Robert Lewandowski, Kevin De Bruyne, Antoine Griezmann, Harry Kane ou Manuel Neuer.
O Euro2020, adiado para 2021 pela pandemia de Covid-19, arranca em 11 de junho, prolongando-se até 11 de julho, e lá estará Ronaldo, e o seu ‘lastro’ de 784 golos, nos 1.088 jogos oficiais que cumpriu desde que se tornou profissional em 2002/03.