“É triste isto acontecer entre atletas deste nível. Infelizmente, o árbitro não teve coragem, porque é mesmo isso, falta de coragem, porque ele ouviu. Ele [Colombatto] chamou-me de ‘mono’ . Todos sabem o que é. É macaco em espanhol. Não saí de campo por respeito às que estavam a ver o jogo e ao Famalicão”, disse o defesa portista, na ‘flash-interview’ da RTP, logo a seguir à partida da segunda mão, que os portistas venceram por 3-2, após prolongamento.
Pouco depois dos 87 minutos, Pepe exaltou-se com Colombatto, que estava no chão, à espera de assistência médica, e com o árbitro Manuel Mota, sendo que o jogo esteve interrompido durante cerca de três minutos, enquanto o central se queixava de ter sido alvo de insultos racistas por parte do adversário. O treinador dos ‘dragões’, Sérgio Conceição, chegou mesmo a admoestado com o cartão amarelo nesse periodo.
“É lamentável isto acontecer. Ainda mais, à frente do árbitro, que é o chefe do jogo. Ele ouviu. Ele estava atrapalhado, dizia que não tinha sido ‘mono’, que tinha sido ‘monada’. O árbitro não teve coragem de parar o jogo. Se o chefe maior que está em campo não tem essa coragem, quem vai ter?”, questionou Pepe.
O capitão dos ‘azuis e brancos’ disse esperar que “as pessoas olhem para isto e tomem uma decisão”, reforçando ser “inadmissível isto acontecer num campo de futebol”.
“Eu disse ao árbitro que estava dececionado com ele. Não me mereceu o meu cumprimento. Ele tinha autoridade e provas para poder mudar uma história negra no futebol. Temos VAR, que se escute”, referiu.
De resto, Pepe disse ter intenção de denunciar a situação às entidades competentes: “Vou falar com as pessoas do FC Porto, porque eu quero denunciar isto. Sou capitão do FC Porto, da seleção nacional, respeito muito esta profissão. Sou o que sou hoje por causa deste desporto. Temos de dar um exemplo, independentemente de se ganhar ou perder. Nunca podemos insultar ou humilhar o próximo”.
Também na ‘flash-interview’ da RTP, o treinador do Famalicão, João Pedro Sousa, recusou liminarmente que tenha existido qualquer insulto por parte de Colombatto.
“Sejam jogadores, treinadores, dirigentes ou polícia, quem diz que o Colombatto chamou alguma coisa [a Pepe] é mentiroso. Sou testemunha e acredito no meu jogador. Aliás, nem precisamos de testemunhas. É tudo mentira”, disse.
O FC Porto apurou-se na quinta-feira para a final da Taça de Portugal de futebol pela 33.ª vez na sua história, ao vencer por 3-2 na receção ao Famalicão, em jogo da segunda mão das meias-finais, após prolongamento.
Após terem vencido em Vila Nova de Famalicão na semana passada, por 2-1, os detentores do troféu viram os minhotos empatarem a eliminatória, com golos de Cádiz (21 minutos) e Iván Jaime (75), com Galeno a fazer o tento portista (28, de grande penalidade).
Contudo, quando tudo indicava que a meia-final seria decidida no desempate por grandes penalidades, Otávio (120+1 minutos) e Evanílson (120+4) ‘carimbaram’ a qualificação do FC Porto, que terá pela frente o Sporting de Braga na final da Taça de Portugal, agendada para 4 de junho, no Estádio Nacional.