Sétima no omnium em Tóquio20202, na estreia de Portugal no ciclismo de pista em Jogos Olímpicos, Maria Martins competiu hoje, um dia depois do ouro em madison conquistado por Rui Oliveira e Iúri Leitão, que já tinha sido segundo no omnium.
“É muito complicado gerir tudo isso. Corremos no último dia e há uma série de emoções que é preciso saber gerir. Confesso que me senti a certo ponto muito vulnerável. Obviamente, para mim é uma felicidade enorme e finalmente posso ir festejar o feito que eles acabaram por fazer nestes Jogos, na estreia deles, e não podia estar mais satisfeita por eles, porque de facto treino com eles quase todos os dias e sei a preparação que eles fizeram, bem como a minha”, declarou.
A ciclista, de 25 anos, ainda não celebrou com os seus colegas de seleção, para que a emoção não a afetasse ainda mais e porque “queria estar serena e fria” para a sua corrida e “tentar ir o mais focada possível”.
“Não (senti mais pressão), foi simplesmente pela emoção que nos causa e pela forma como gerir essa emoção a tão poucas horas da nossa corrida, é complicado. Foi mesmo a principal dificuldade que eu enfrentei nestes últimos dias, tanto no omnium do Iúri, como ontem (sábado) principalmente, a tão poucas horas da minha corrida. Essa a maior dificuldade que tive”, reconheceu.
Para Maria Martins, “agora sim, é hora de festejar e é hora de abraçar” os seus amigos “como deve ser”, porque “merecem muito”, lembrando que o processo que têm “até aqui e as vezes que bateram no poste ou na trave”.
“Portanto, tudo o que eles estão a passar agora é mais do que merecido. O nosso ciclismo de pista merece tudo isto, inclusive o nosso selecionador (Gabriel Mendes), que foi a pessoa que mais acreditou neste projeto e em nós também, por isso já ‘chapeau’ para eles”, salientou.
‘Tata’ lembrou ainda os restantes colegas da equipa de pista, como João Matias, uma das “pessoas mais importantes” da sua vida, que disse que ela era a cola que unia esta equipa, dizendo ter “muita pena de não poder viver uma experiência destas com ele aqui”.
“Mas ele veio connosco tanto no meu coração como no coração deles todos e isso é que é tão emocionante. (É difícil) Gerir tudo isto porque eu sei o que eles trabalharam. Principalmente as pessoas que também não vieram. Fizeram parte disto, tanto como eu fiz, quanto o Iúri e o Rui fizeram. Isto é uma qualificação que tem de ser feita durante dois anos e precisamos deles a toda hora. Infelizmente, o desporto tem destas coisas e eu só tenho pena de não poder ter retribuído da melhor forma e ter alcançado o que eu queria, o que nós todos construímos”, lamentou.
Após os grandes resultados do ciclismo de pista em Paris2024, Maria Martins espera “mais apoio” e melhores condições, “não só ao ciclismo de pista, mas como ao desporto em geral” em Portugal.
“Acho que tanto o ciclismo de estrada como o de pista, como os outros desportos todos da nossa equipa de Portugal, merecem todos um bocadinho mais de suporte nesse sentido e de ferramentas para podermos também chegar aqui a lutar mano a mano com as outras potências do desporto. Acho que as medalhas é tudo fruto (do trabalho), mas vimos para aqui sempre com a vontade de deixar tudo e honrar a nossa seleção. As medalhas são só recompensa de tudo isso”, notou.
‘Tata’ garante que esse apoio era o que “mais gostava que acontecesse nos próximos quatro anos”, porque Portugal, mesmo sendo “um país pequeno com poucos atletas”, já provou que tem “muita qualidade”.
“Temos potencial, é só acreditarem em nós e darem-nos as ferramentas para chegarmos lá”, concluiu.