"Começámos nas corridas de estrada e depois fomos para a pista, onde temos conseguido fazer um trabalho mais específico. Tem sido muito trabalho, muito empenho, muitos dias e muitas noites perdidas nos últimos 15 anos, para conseguirmos estes resultados", explicou Juvenal Faria, presidente, mas também "roupeiro e um pouco faz-tudo".
Em declarações à agência Lusa, o responsável do clube de Câmara de Lobos, que só ficou atrás do campeão Sporting e do Benfica no Nacional de clubes disputado em Pombal, admitiu partir com esta ambição, para uma "tarefa nada fácil". "Não estava nada fora de hipótese ficar no pódio, quando saímos da Madeira", reconheceu Juvenal Faria, lamentando que, atualmente, já conta com mais atletas de fora da ilha.
Com praticamente 200 atletas, e sete treinadores de atletismo, a ACD Jardim da Serra dedica-se ao "trabalho de base", devido às dificuldades na retenção de atletas acima dos escalões jovens, contando com orçamentos a rondarem os 30 mil euros para cada uma das equipas, masculina e feminina. "Não temos conseguido tirar muitos atletas da formação. Também temos cada vez menos população, a cultura desportiva também é diferente, mas tentamos sempre ter atletas novos, mas não é fácil. Se não temos de lá, temos de colmatar com os de cá. E, com isso, tentamos fazer o melhor possível", vincou Juvenal Faria.
O "abandono" dos atletas fica a dever-se à "modalidade pobre" que é o atletismo. "O atletismo é para jovens e nós temos muita malta jovem, mas eles chegam aos 20 anos e desistem, porque não há apoios. Também me parece que falta algum apoio por parte da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), quem está no terreno não o sente e se não forem os clubes não há atletismo em Portugal", advertiu Juvenal Faria, lamentando que "os clubes sejam o elo mais fraco". Mesmo com "tantos obstáculos", a ACD Jardim da Serra assegurou um lugar nos pódios dos Nacionais de clubes ‘indoor’, ao somar 60 pontos na classificação feminina, à frente do Sporting de Braga, e menos 59,5 na masculina, superando os também madeirenses do GD Estreito.
Antes, o clube madeirense já tinha terminado no segundo lugar da competição feminina no segundo lugar em 2021 e 2022, em duas edições em que o Benfica não participou.