O organismo iraniano adianta que se dirige oficialmente à FIFA, por entender que, à parte de "várias considerações infelizes sobre a seleção iraniana e as suas pessoas", Klinsmann "fez juízos de valor" sobre a cultura do Irão.
"Disse que no jogo Irão-País de Gales, os jogadores ‘trabalharam’ o árbitro. Que isso não foi uma casualidade e que faz parte da cultura, da sua forma de jogar", refere o Irão, justificando que Klinsmann quis dizer que os jogadores pressionaram o árbitro.
Perante as declarações do antigo jogador, que foi selecionador da Alemanha e dos Estados Unidos, o Irão pretende que Klinsmann se retrate sobre este assunto, que peça desculpa e que "se demita de membro do Grupo de Estudos Técnicos da FIFA".
"A seleção nacional do Irão convida o senhor Klinsmann a visitar a concentração da equipa em Doha, para conhecer a milenar cultura persa e os valores do futebol e do desporto", acrescenta a Federação iraniana.
Ainda na longa resposta, os responsáveis iranianos disseram que Klinsmann, como alemão, "não será julgado pelo episódio mais vergonhoso da história dos Mundiais, a ‘Desgraça de Gijón’ de 1982, quando Alemanha Federal e Áustria combinaram um resultado".
"Como ex-jogador não será julgado pelas suas famosas ‘piscinas’. E, seguramente, como profissional de futebol, não será julgado por outras questões políticas ou históricas relacionadas com o seu país", acrescentaram os iranianos.
Também o português Carlos Queiroz, selecionador do Irão, recriminou Klinsmann pelas declarações, como um "típico juízo preconceituoso de superioridade".
"Não importa o quanto eu possa respeitar o que fizeste dentro do campo, esses comentários sobre a cultura iraniana, a seleção iraniana e os meus jogadores são uma vergonha para o futebol. Ninguém pode ferir a nossa integridade se não estiver ao nosso nível, é claro", disse Queiroz, em resposta nas redes sociais.
O selecionador convidou também Klinsmann a visitar o centro de treinos da seleção, para aprender sobre a cultura persa, mas também espera que o alemão se demita do grupo de estudos da FIFA antes dessa visita.
A reação iraniana surgiu pelas declarações do antigo selecionador dos Estados Unidos, referindo não ter ficado impressionado com o jogo do Irão diante de Gales (2-0), falando de uma pressão exercida sobre o árbitro.
"Faz parte da cultura deles, da forma como jogam. O Carlos (Queiroz) encaixa muito bem nesta seleção e na sua cultura. Não é uma coincidência, é tudo de propósito. Faz parte da cultura deles, é assim que jogam. Andam a ‘trabalhar’ o árbitro. Basta olhar para o banco, a forma como saltavam em cima do assistente e do quarto árbitro", referiu Klinsmann à BBC.
As declarações surgem a poucos dias do Irão e Estados Unidos defrontarem-se na terça-feira na terceira e última jornada do grupo B do Mundial e quando está tudo em aberto na qualificação para os oitavos de final da competição.
O grupo é liderado por Inglaterra, com quatro pontos, seguida de Irão, com três, Estados Unidos, com dois, e País de Gales, com um.