“A nível de dimensão financeira não tem nada a ver o que foi preciso fazer em 2004 com o que se vai fazer agora, 20 anos depois, nada a ver. São dois temas totalmente diferentes. Nem são possíveis de comparar, porque estamos a comparar um investimento gigante, de quase mil milhões de euros, com a construção e remodelação de 10 estádios e das acessibilidades, e no Mundial2030 só vão ser utilizados três estádios em Portugal que, por sinal, são os três estádios mais evoluídos”, afirmou em entrevista à agência Lusa o responsável.
Hoje, o Congresso da FIFA vai formalizar sem oposição a candidatura ibero-marroquina, que vai trazer a território luso a 24.ª edição do principal torneio mundial de seleções, com os estádios da Luz e de Alvalade, em Lisboa, e do Dragão, no Porto, construídos de raiz para o Euro2004, e eleitos para o Mundial2030, a necessitarem apenas de melhorias infraestruturais.
“De facto, o impacto é completamente diferente, quando se compara com o Euro2004. Foi um evento que mobilizou o país inteiro, em regiões bastante diferentes. Aqui, estamos a falar de um número de jogos muito menor, e que vai estar totalmente focado em apenas três estádios e nas duas maiores cidades do país. E em causa estão pequenas transformações nos estádios. Resta ver qual o investimento nos centros de treino, mas em termos de impacto nas infraestruturas, e mesmo no impacto na economia, será completamente diferente”, reforçou o especialista.
Espanha vai contar com 11 estádios, entre os quais os renovados Santiago Bernabéu e Metropolitano, em Madrid, e o novo Camp Nou, em Barcelona, e Marrocos com seis, dos quais cinco vão ser renovados e um vai ser construído de raiz, o futuro estádio Hassan II, em Casablanca, com capacidade para acolher 115.000 espectadores.
“São dimensões e realidades completamente dispares. Até dado o ‘timing, neste caso, os nossos companheiros nesta campanha, quer Espanha, quer Marrocos, mas Espanha sobretudo – apesar de ter grandes estádios – apanhou numa fase em que alguns estádios realmente estavam a necessitar de grandes intervenções e as mesmas estão em curso. Quer no Barnabéu, onde houve um grande investimento, quer em Camp Nou, que também necessitou de um grande investimento. Ou seja, nesse aspecto, Espanha vai gastar mais, mas também estava mais atrasada do que Portugal nesse campo”, sublinhou Miguel Cardoso Pinto.
Vão ainda ser realizados jogos na América do Sul, no Monumental de Buenos Aires, na Argentina, no Defensores del Chaco e no novo Estádio Nacional, ambos em Asunción, no Paraguai, e no Centenario, em Montevideo, no Uruguai, anfitrião e vencedor da primeira edição, em 1930, para celebrar o centenário da prova.
Questionado sobre o retorno económico da prova em Portugal, o ‘partner’ da EY considerou que “o impacto económico que se pode esperar deste evento, especificamente em Portugal, depois de diluído pelos diferentes países organizadores, não é para já possível de quantificar”, mas, salientou que, tal como o investimento, “também será muito menor” do que em 2004.
Ora, segundo um estudo realizado pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) em 2005, a pedido da Sociedade Euro 2004, o impacto económico do torneio atingiu na altura os 440 milhões de euros (ME), valor que contabiliza o impacto económico do evento (300 ME), mais o impacto económico associado ao turismo (140 ME).
“Estou convencidíssimo de que o impacto económico deste Mundial trará benefícios, mas não serão comparáveis aos de há 20 anos. Vai haver o impacto do turismo e da restauração, que é o mais evidente, mas também a valorização do país em si, como um país capaz de organizar um evento desta importância”, rematou.
Lusa