O presidente do Vitória de Guimarães, Miguel Pinto Lisboa, salientou ser "um dia de dor para o Vitória, para Guimarães e, de um modo geral, para todo o país".
"A dimensão desta homenagem mostra a força do Neno, mas também do Vitória e da cidade. Queremos que essa força saia ainda mais reforçada e queremos seguir o que foi o legado do Neno, de força, união, genuidade e de alegria", disse o presidente do vitoriano antes do início da marcha fúnebre.
Miguel Pinto Lisboa notou que, "apesar de ter nascido em Cabo Verde, Neno era um vimaranense e um vitoriano de coração".
Milhares de pessoas quiseram homenagear o antigo internacional português desde muito cedo do dia de domingo passando pela sala no D. Afonso Henriques, onde esteve o corpo de Neno em câmara ardente.
Pelas 16:30, quando a urna saiu para a igreja e percorreu algumas ruas de Guimarães, o ‘mar’ de pessoas era impressionante com muitos aplausos e gritos por Neno, muitas bandeiras e tochas ao longo do percurso.
"É um cenário invulgar porque estamos a falar de uma pessoa invulgar, que estava genuinamente de bem com todos, que fazia pontes, de um problema ele via uma oportunidade, por isso esta unanimidade na homenagem ao Neno", disse.
O líder vitoriano disse ainda que o nome de Neno será eternizado no clube, mas não revelou de que forma.
"O Neno é uma figura ímpar que vamos prestigiar ao longo deste ano porque ele merece e não porque ele faleceu ontem. Era intrinsecamente um homem bom, que deu tudo ao Vitória e à cidade", disse.
Vítor Paneira, antigo colega de equipa de Neno no Benfica e no Vitória de Guimarães, lembrou o amigo "extraordinário" com quem esteve ainda "na semana passada".
"Foram tantos momentos incríveis com o Neno, uma pessoa extraordinária como é de consenso geral. Eu fui o jogador que mais anos jogou com ele, foram 10 anos, e hoje perdi um amigo", disse.
O ex-internacional português de 55 anos destacou o "carinho" de todas as pessoas pelo antigo guarda-redes: "não conheço ninguém no futebol que tenha as qualidades humanas que ele tinha".
O treinador Manuel Cajuda afirmou que, "do conjunto de gente muito boa" que conheceu no futebol, "Neno era claramente a melhor" e que lhe deixou um legado, que "os problemas devem ser resolvidos com inteligência e com um sorriso".
Ao longo dia, passaram pelo recinto vimaranense diversas figuras, como o vice-presidente do Benfica, Sílvio Cervan, antigos jogadores como Shéu, Valdo, Jorge Andrade, Oceano, Hélder Postiga, Dimas, Paulo Alves, Paulo Santos, e, do atual plantel vitoriano, André André, Rochinha, André Almeida ou Bruno Varela.
A autarquia vimaranense decretou dois dias de luto municipal e, tal como o clube, estuda uma homenagem póstuma ao antigo guarda-redes.
O antigo internacional português Neno morreu na quinta-feira, aos 59 anos, vítima de doença súbita.
O corpo de Neno chegou pelas 09:30 de hoje ao estádio D. Afonso Henriques, onde já o esperavam centenas de pessoas para uma breve despedida.
O malogrado guardião ficou aí em câmara ardente até ao início da marcha fúnebre, pelas 16:45. Depois da missa na Igreja de São Francisco, o corpo de Neno rumou ao cemitério municipal de Monchique, em Guimarães.
Junto ao memorial criado pelos adeptos, ao lado da estátua de D. Afonso Henriques, nas imediações do estádio, são muitos os objetos deixados em homenagem ao antigo guardião: cachecóis de vários clubes, bandeiras, fotografias, mensagens, flores.
Foi aí que teve lugar um dos momentos mais emotivos da tarde quando Paulo Futre, acompanhado pelo presidente da Liga de clubes, Pedro Proença, e por Miguel Pinto Lisboa, lembrou o antigo colega sem controlar as lágrimas.
O antigo internacional português foi brindado com muitas palmas pelas centenas de pessoas.
Adelino Augusto da Graça Barbosa Barros, natural da cidade da Praia, Cabo Verde, veio para Portugal com a família para o Barreiro e foi no clube dessa cidade, o Barreirense, que começou a carreira.
Aos 21 anos ‘saltou’ para o Benfica, clube no qual venceu três campeonatos e três Taças de Portugal. Passou depois pelo Vitória de Setúbal e Vitória de Guimarães, clube onde conquistou uma Supertaça e acabou a carreira, em 1999, tendo-se radicado naquela cidade minhota.
Foi treinador de guarda-redes de várias equipas técnicas vitorianas e, nas últimas épocas, dirigente do clube vimaranense. Ao serviço da seleção portuguesa fez nove encontros, entre 1989 e 1996.