De acordo com o comunicado do gabinete de apoio ao presidente da Comarca de Lisboa, a sessão agendada para esta quinta-feira, às 09h00, vai também contar com a inquirição do inspetor Hugo Monteiro, que já foi ouvido e inclusivamente sujeito a uma acareação com a colega inspetora Aida Freitas, na sequência de divergências nos depoimentos prestados.
Fonte ligada ao processo adiantou à Lusa que a reinquirição de José Amador foi requerida pelo arguido Aníbal Pinto, num pedido que veio a ser subscrito posteriormente pela defesa do outro arguido: Rui Pinto.
Em causa deverá estar um email apresentado ao tribunal pela inspetora Aida Freitas na sessão de 22 de abril, no qual o inspetor coordenador da investigação do processo ‘Football Leaks’, José Amador, convocava os colegas que seriam ouvidos em audiência para uma reunião com a procuradora Marta Viegas, que tem representado o Ministério Público (MP) no julgamento.
Como consequência, o advogado Aníbal Pinto, acusado neste processo pelo crime de tentativa de extorsão, apresentou um incidente de recusa da magistrada, pedido esse que foi também secundado pelos advogados de Rui Pinto, mas que veio a ser recusado no mês passado pelo MP.
Por outro lado, as questões levantadas em torno dos relatos de diligência externa da PJ sobre a operação de vigilância ao encontro entre o antigo CEO da Doyen Nélio Lucas, o colaborador Pedro Henriques e Aníbal Pinto poderão ser também abordadas nos depoimentos das duas testemunhas na sessão de quinta-feira.
Rui Pinto, de 33 anos, responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada. Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.
O criador do Football Leaks encontra-se em liberdade desde 7 de agosto de 2020, “devido à sua colaboração” com a Polícia Judiciária (PJ) e ao seu “sentido crítico”, mas está, por questões de segurança, inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial.