No setor oleícola, “Portugal tem conseguido, com toda a modernização nos últimos 20 anos, aumentar [as exportações] 12 vezes em volume e 18 vezes em valor”, disse à agência Lusa Pedro Santos, diretor-geral da empresa de consultoria Consulai.
Este setor, no ano passado, contribuiu com um saldo positivo de “515 milhões de euros” para a balança comercial de Portugal, a qual foi “absolutamente negativa” no que toca ao setor agroalimentar, “que foi em 2022 de menos 5,2 mil milhões de euros”.
“É um valor que nos deveria causar alguma vergonha”, porque Portugal tem “condições para poder ser diferente”, afirmou Pedro Santos, frisando que, se existissem “muitos setores como o setor oleícola, [o país teria] certamente um valor diferente”.
Estes são alguns dos dados que constam do estudo sobre a evolução e dinâmica do setor olivícola em Portugal, nas últimas duas décadas, elaborado por duas consultoras da área agrícola, uma portuguesa, a Consulai, e uma espanhola, a Juan Vilar Consultores.
O trabalho foi pedido pela Olivum – Associação de Olivicultores e Lagares do Sul, com sede em Beja, e algumas das conclusões foram hoje partilhadas, nesta cidade alentejana, na 10.ª edição das OLIVUM Talks, um evento em que foram debatidos vários temas do setor olivícola.
Nas declarações à Lusa, após intervir no encontro, o diretor-geral da Consulai realçou que o crescimento das exportações nacionais de azeite, em volume e em valor, “tem sido feito com muito investimento e muita modernização”.
“O investimento agrícola tem crescido muito e tem ultrapassado historicamente, desde os últimos cinco ou seis anos, os mil milhões de euros”, mas o setor da olivicultura “tem investido mais rápido”, indicou.
Por isso, este setor “tem sido, de facto, um dos grandes motores desta revolução agrícola” em Portugal “e sem dúvida é um dos setores ‘bandeira’ do complexo agroalimentar” português, disse o especialista.
O ‘peso’ de Portugal nesta área também tem vindo a crescer e, segundo Pedro Santos, o país já é hoje “o sexto maior produtor do azeite do mundo”, com possibilidades para crescer ainda mais, se houver ainda mais investimento e modernização do olival.
Portugal, destacou, tem sido “uma referência” nesse âmbito, porque foi “dos primeiros a apostar a sério nos olivais em sebe e nestes olivais super-eficientes”, mas ainda pode transformar mais olival em olival moderno.
“Podemos crescer e entrar no ‘top 5’, claramente, dos maiores produtores de azeite do mundo”, ganhando “uma grande relevância [no setor] e, sobretudo, uma grande relevância nos maiores exportadores do mundo”, argumentou, realçando ainda que Portugal tem a vantagem de ter “das maiores produtividades do mundo” em “azeite por hectare”, é “o primeiro produtor a pôr azeite no mercado”, anualmente, e “mais de 95%, em alguns anos 98%”, do azeite que produz é virgem extra.
A Olivum, que se assume como “a maior associação portuguesa” do setor, tem 130 grupos associados (que correspondem a 300 explorações) e 18 lagares, num total de mais de 49 mil hectares de exploração agrícola no país.