Nomeado para o prémio de Atleta Masculino do Ano dos Laureus de 2022, que serão atribuídos em abril, o atleta de 37 anos considera este um galardão “muito importante” para ganhar, sobretudo “após dois anos muito duros, em 2020 e 2021, por causa da covid-19”.
Nesse tempo, coisa pouca, sagrou-se de novo campeão olímpico, em Tóquio2020, depois do ouro no Rio2016, um feito conseguido em Sapporo, longe da capital nipónica onde, meses depois, em 06 de março deste ano, venceu a maratona.
“É a minha segunda nomeação, estou feliz. Quero dar esperança ao mundo, porque o desporto pode mudar o mundo, uni-lo, e trazer esperança aos povos. É uma linguagem universal, dos jovens, dos humanos”, explicou, numa conversa com jornalistas a caminho da gala final.
O ouro de Tóquio2020 significou uma rara defesa do título olímpico, que só tinha acontecido duas vezes antes: pela ‘lenda’ Abebe Bikila, em 1960 e 1964, e Waldemar Cierpinski, em 1976 e 1980.
De resto, é o mais velho vencedor da maratona em Jogos desde o português Carlos Lopes, campeão olímpico em 1984, e, questionado pela Lusa, admitiu que o luso, assim como “muitos atletas”, o inspiram.
“Sou inspirado pela concentração, seja por atletas ou por quem conduz um carro a 300 quilómetros por hora, por futebolistas, que treinam quatro ou cinco horas. Amo vê-los e a minha inspiração vem deles, mas também de adeptos de todo o mundo”, declarou.
O regresso a Tóquio, para correr – e vencer – a maratona já este mês insere-se no objetivo de vencer todos os seis ‘majors’ na carreira: Tóquio, Boston, Londres, Berlim, Chicago e Nova Iorque.
Já venceu 10 vezes um ‘major’, estando isolado no topo da tabela dos atletas com mais vitórias, com quatro dos seis – faltam Nova Iorque e Boston, façanhas que espera lograr porque ainda quer “fazer coisas que façam o mundo amar ainda mais o desporto”.
O maratonista explica ainda que conseguir ‘finalmente’ a proeza de baixar das duas horas numa maratona comercial, uma “normal”, como lhe chama, é “uma questão mental”.
“O que eu preciso, na verdade, é controlar a mente, prepará-las, aprender e desafiar-me. Desafio-me sempre, quero fazer essa força de novo. Garanto que vou conseguir, e depois outros também vão correr abaixo das duas horas”, atirou.
O homem de quem se espera que faça cair a barreira das duas horas numa maratona, algo que até já fez, mas num evento controlado e patrocinado por uma empresa de químicos, em 2019, é considerado por muitos o melhor de sempre a correr a distância.
Filho de um agricultor de Kapsisiywa, Eliud Kipchoge corria vários quilómetros de e para a escola todos os dias, e foi campeão olímpico nos 5.000 metros antes de se ‘virar’ para o fundo em 2012, chegando ao ouro olímpico no Rio e conquistando quatro vezes a maratona de Londres.
Fixou também o recorde mundial na distância, em 2:01.39 horas, na Maratona de Berlim de 2018.
Ainda assim, “felicidade” e “simplicidade” são as palavras que mais surgem no seu discurso, ao contrário das habituais “vitória” ou “objetivos” que tantas vezes se ouvem da boca de atletas.
E simplicidade e felicidade cabem na sua mensagem para as crianças, “porque são o futuro”, e que envolve que estas possam “ser felizes, façam do desporto um estilo de vida e que procurem testar os seus limites”.
Kipchoge concorre com o nadador norte-americano Caeleb Dressel, o tenista sérvio Novak Djokovic, o ‘quarterback’ Tom Brady, ‘estrela’ do futebol norte-americano, o futebolista polaco Robert Lewandowski e o piloto de Fórmula 1 neerlandês Max Verstappen pelo galardão de Atleta Masculino do Ano nos Prémios Laureus.
Lusa