O veterano Dani Sordo, terceiro classificado, é o resistente da Hyundai, numa etapa que condenou as aspirações de três campeões do Mundo: Sébastien Loeb (que ainda chegou a passar pela liderança), Sébastien Ogier e Ott Tänak.
Enchente nas emblemáticas especiais de terra da região Centro e na sempre espetacular Super Especial de Lousada, que também recebeu os emblemáticos Grupo B, voltou a validar a qualidade organizativa do ACP. Amanhã, sábado, cumpre-se a penúltima e mais longa etapa da prova.
O melhor rali do mundo é, provavelmente, também um dos mais duros. As primeiras especiais de terra da nova era dos WRC híbridos mostraram que o Vodafone Rally de Portugal é um desafio único, a diferentes níveis. Até lendas do automobilismo mundial, como Sébastien Loeb e Sébastien Ogier, não conseguiram superar a exigência da primeira das três etapas do rali.
Aos 48 anos, Loeb deu uma lição de classe na última classificativa da manhã, a primeira passagem por Arganil, onde o francês da M-Sport Ford bateu toda a concorrência e passou a liderar a prova, por 0,5s. Só que o ‘estado de graça’ do alsaciano, nove vezes campeão do Mundo, só durou mais 20 metros no troço seguinte.
Logo na primeira curva da especial da Lousã, segundos após ter arrancado, Loeb deu um toque numa barreira de betão, que partiu a suspensão traseira do Ford Puma Rally1. “Foi o erro mais estúpido da minha carreira”, afirmou, desolado, o veterano piloto francês. Primeiro Sébastien ‘out’.
Seguiu-se Sébastien Ogier.
O recordista de vitórias em Portugal regressou ao WRC para receber novo banho de multidão… e tentar desempatar com Markku Alén. Numa secção da tarde demolidora – com o quarteto Lousã, Góis, Arganil e Mortágua -, Ogier foi um dos pilotos que arriscou partir para essa secção só com um pneu suplente na mala do Toyota, tentando poupar 20 kg de peso no carro. Erro fatal.
Embora vencendo a primeira especial da tarde, o francês furou na classificativa seguinte (Góis 2) e, logo a seguir, em Arganil 2, sendo obrigado a abandonar por não ter mais nenhum pneu suplente.
O terceiro campeão do Mundo a ficar fora da luta pela vitória foi Ott Tänak. O estónio da Hyundai estava a 10,8s da liderança quando furou na sexta classificativa do dia (Góis 2) e passou a estar a 1m53s de Elfyn Evans. Tal como Ogier, Tänak voltou a furar em Arganil 2, mas tinha um segundo pneu suplente no i20 N Rally1 e conseguiu completar o dia no 10.º lugar da geral, mas já a 3m38s do líder.
Thierry Neuville passou, então, a concentrar as atenções da Hyundai, mas o belga entrou no troço de Mortágua a 7s do primeiro lugar… e saiu de lá a 1m32s! Na ligação para esse troço, o Hyundai de Neuville teve problemas de transmissão, que depois se viriam a agravar durante a classificativa, fazendo a Super Especial de Lousada só com três rodas motrizes.
No meio desta hecatombe, os Toyota de Elfyn Evans e Kalle Rovanperä emergiram do pó na frente da geral e escaparam à hecatombe de furos, com o galês a aproveitar a posição de partida (nono na estrada) para chegar ao final do dia com 13,6s de vantagem sobre o menino-prodígio dos ralis mundiais.
A ‘limpar’ a estrada durante 121,67 quilómetros demolidores, Rovanperä mostrou o talento que o levou ao topo do Mundial com apenas 21 anos, representando uma séria ameaça a Evans na etapa deste sábado.
Dezoito anos mais velho do que Rovanperä, o experiente Dani Sordo ‘segurou’ as esperanças da Hyundai em subir ao pódio junto à praia de Matosinhos, no próximo domingo. O espanhol está a 44,4s de Evans, mas, a partir de amanhã (sábado), não terá a uma posição de partida tão vantajosa face aos Toyota, tendo, por outro lado, 5,2s de vantagem sobre outro Yaris GR Rally1, o do japonês Takamoto Katsuta.
Se o dia da Hyundai foi complicado, o da M-Sport Ford foi ainda pior. Depois do ‘hara kiri’ de Sébastien Loeb na Lousã, Craig Breen também se atrasou com um pião na PE8 (Mortágua), estando nesta altura no 8.º lugar. Gus Greensmith é o melhor representante da equipa britânica, no 5.º posto, mas já a mais de um minuto de Elfyn Evans.
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o WRC2, o líder do campeonato, Andreas Mikkelsen (11º na geral), colocou o seu Skoda na frente após um furo no Hyundai de Teemu Sunninen. Os dois entram para o penúltimo dia separados por 37 segundos, com Yohan Rossel (Citroën) no terceiro posto e como espectador atento deste duelo.
Mais de 20 mil entusiastas voltaram a dar um colorido especial ao Eurocircuito de Lousada, que encerrou o segundo dia competitivo do Vodafone Rally de Portugal. Primeiro, o público no Circuito da Costilha viu em ação alguns dos modelos mais emblemáticos da história do Mundial de Ralis, como o Audi Sport Quattro, Alpine A110, Lancia Stratos HF, Fiat 131 Abarth, Renault 5 Turbo, Lancia Delta S4, Lancia Delta Integrale ou o Toyota Corolla WRC. Já nos Clássicos Desportivos, os irmãos Gonçalo e Mariana Figueroa levaram o seu Ford Escort RS a uma vitória para mais tarde recordar.
As estrelas do WRC alinharam no tradicional formato de duelo e Elfyn Evans foi o mais rápido, ganhando inclusive mais 2,9s a Kalle Rovanperä. “Hoje tivemos condições extremas e toda a gente estava a tentar conseguir passar por elas. Por vezes, foi uma lotaria. Se calhar poderia ter sido mais rápido… Mas será que tinha chegado aqui?”, referiu o galês no final do dia.
“Não foi como esperávamos, mas estamos a fazer um bom trabalho”, referiu, por sua vez, Rovanperä. “A equipa preparou bem o carro para estas condições e isso também é importante.” A batalha prossegue amanhã.
Quarta ronda do Campeonato de Portugal de Ralis (CPR), o Vodafone Rally de Portugal consagrou o campeão nacional em título, Ricardo Teodósio (Hyundai), que chegou à primeira vitória da época no final das nove classificativas da prova do ACP.
Num rali que teve três líderes diferentes, o piloto da Hyundai Portugal foi um dos poucos candidatos ao título que teve uma prova isenta de furos, terminando com 1m24,1s de vantagem sobre Armindo Araújo (Skoda).
O piloto de Santo Tirso foi o primeiro líder nas contas do CPR, mas furou duas vezes e terminou no segundo posto, vencendo ainda a Power Stage em Mortágua (PE8). Com estes resultados, Armindo Araújo reforçou a sua vantagem no campeonato sobre Miguel Correia (Skoda), que foi terceiro classificado, após também ter furado, tal como José Pedro Fontes (Citroën), quarto no final.
Bruno Magalhães chegou a colocar o outro Hyundai oficial no comando, mas furou na PE2 e depois teve de abandonar na PE5 (Lousã 2), devido à quebra de uma jante e amortecedor.
Findo o CPR, a luta prossegue na estrada, mas agora para se decidir o lugar de melhor português no final da prova do ACP.