Com os Açores a receber o primeiro teste com público em Portugal, no encontro entre o Santa Clara e o Gil Vicente (hoje, às 16:00), segue-se o particular entre as seleções nacionais de Portugal e Espanha, em 07 de outubro, e o jogo oficial para a Liga das Nações, entre Portugal e Suécia, em 14 de outubro, com os dois últimos embates a acontecerem no Estádio de Alvalade, na presença de adeptos (10% da ocupação).
“A Federação [Portuguesa de Futebol] já se antecipou muito a isto e já conseguiu convencer a DGS [Direção-Geral da Saúde], para que a seleção tenha algum público, e bem. Só lamentamos é que não sejamos nós, futebol profissional, a tomar as decisões e as revindicações que deveriam ser tomadas a tempo e horas, pensando no prejuízo que isto vai causando”, salientou Carlos Pereira, presidente do Marítimo, em declarações à Lusa.
O presidente da Associação de Futebol da Madeira, Rui Marote, prevê um desfecho positivo dos testes: “Temos de aguardar para ver como correm estas iniciativas que se vão realizar nos Açores e nos jogos das seleções nacionais. E a partir destes testes que vão ser feitos nestes dias penso que deverá ser autorizada a presença de público nos recintos desportivos a partir do dia 14 de outubro”.
Na Madeira, contabilizam-se 69 casos positivos de covid-19, uma situação “controlada” com a exigência de exames de despiste à chegada ao aeroporto e porto madeirenses, ou com a apresentação de um teste realizado até 72 horas antes do desembarque na Região Autónoma.
Perante os dados apresentados, Carlos Pereira, presidente do Marítimo, defende que “estão reunidas todas as condições” para receber os adeptos em “segurança” dentro dos recintos desportivos.
“A Madeira está preparada e sempre esteve preparada. Sem querer comentar os espaços dos outros, a Madeira tem das melhores condições ao nível de infraestruturas desportivas do país. O que nos leva a não entender o porquê destas limitações. Tenho reivindicado muito e tenho sido uma voz crítica em relação à DGS, pela forma como tem maltratado o futebol e as modalidades”, alertou.
Rui Marote defende que o “público faz falta” e que “o problema não está no interior dos recintos desportivos”, mas sim o que se passa nas imediações, sem controlo.
“Nós respeitamos integralmente as resoluções das entidades de saúde. São elas que têm os dados em concreto. Naturalmente que o público faz falta, mas também é preciso ter em atenção aquilo que circunda os campos de futebol e os problemas que podem surgir no exterior e não no interior”, declarou.
O presidente do Marítimo diz que “tem sido notório que as pessoas ficam aglomeradas à volta dos estádios, nos bares e nas varandas que dão visibilidade para os campos, o que é muito mais prejudicial, porque os ajuntamentos são feitos, quando os recintos desportivos têm condições para entradas e saídas separadas e permitem respeitar o distanciamento social”.
“Já propusemos fazer entradas com toda a segurança, oferecendo máscaras, oferecendo gel e medindo a temperatura. Não percebo como é estas medidas não foram aceites”, acrescentou Carlos Pereira.
Ludgero de Castro, treinador da equipa B do Marítimo e Rui Oliveira, treinador do Câmara de Lobos, duas equipas madeirenses que militam atualmente no Campeonato de Portugal, partilham da mesma opinião, em que os ajuntamentos acontecem em lugares estratégicos que permitem visualizar os jogos.
“Em Câmara de Lobos, há uma zona em que as pessoas têm visibilidade para o campo, e acabam por se juntar todas. Era preferível abrirmos as portas para 10%, com toda a segurança, do que ter um número muito superior nas imediações do campo, a tentar ver o jogo, muitas vezes sem seguir as medidas [de segurança)”, explicou Rui Oliveira à Lusa.
Ludgero Castro defendeu a mesma ideia para evitar situações idênticas no campo do clube, em Santo António, no Funchal, porque se fosse “autorizada a presença de público nos recintos desportivos”, evitavam-se “os ajuntamentos que estão a acontecer nas imediações, nomeadamente nas estradas que permitem visualizar os jogos”.
“Apesar do uso da máscara, continuo a achar que seria mais seguro dentro dos estádios, com as medidas de segurança impostas. Com o número de adeptos reduzido e bem organizado, o público pode voltar”, referiu.
C/Lusa