“A minha vida empresarial e desportiva sempre foi em crescente, em termos patrimoniais e mesmo em resultados desportivos. Sete vezes nas competições europeias, 30 jogos na Europa, duas finais da Taça da Liga, uma final da Taça de Portugal, acho que isto é obra”, enalteceu Carlos Pereira, referindo que é o primeiro a admitir que nos últimos três anos “as coisas correram menos bem”.
O empresário de 69 anos vai pela primeira vez enfrentar oposição nas eleições para os órgãos sociais do clube, marcadas para sábado, caso de Rui Fontes, a quem sucedeu, em 1997.
Carlos Pereira recordou as dificuldades enfrentadas nas últimas três temporadas, nas quais o clube lutou pela manutenção na I Liga até às últimas jornadas, “fruto da pandemia e do Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF)”.
“No tempo do PAEF não houve dinheiro para ninguém. Nós tivemos muitas situações e muitos anos em que viemos a receber um ano depois e era preciso a tal capacidade de endividamento a tal credibilidade junto da banca”, destacou o dirigente ‘verde-rubro’, sublinhando que, no mesmo período de tempo, o clube teve “uma média de cinco milhões de euros de impostos por ano”.
O líder do clube madeirense justificou a opção pela “credibilidade” em vez de “ter só um ano de glória”, com o objetivo de “manter a situação tributária e segurança social regularizada” e assegurar o “estatuto de clube de primeira linha”, apontando, como primeiro ponto do programa eleitoral, a recusa de vender “a alma maritimista a fundos”.
Para o presidente ‘verde rubro’ o clube e a SAD contarão sempre com a mesma direção, ao contrário do proposto pelo opositor, recordando as dificuldades que o clube passou para deter 91% do capital da sociedade anónima desportiva maritimista.
O líder da lista B recusou qualquer obsessão com o património, garantindo que a sua gestão sempre se regeu por um “meio termo”.
"Houve um determinado momento em que eu olhei mais para o património, houve outro em que apostei mais na equipa e, por isso, fomos sete vezes à Europa”, vincou, realçando como essencial que o clube se mantenha na I Liga, na qual alinha desde 1985/86.
O líder dos ‘leões do Almirante Reis’ salientou que o Marítimo “tem de se capacitar que é um clube formador”, num processo que inclui as equipas de sub-19, sub-23, B e principal, num “futuro que tem de ser risonho, de mais futebol e mais espetáculo”.
“Temos de começar a formar cada vez mais para pensarmos na academia, no polidesportivo e na piscina que já estão projetados aqui em Santo António [Complexo Desportivo do clube]”, destacou.
Carlos Pereira negou ainda qualquer afastamento entre o clube e as claques, realçando que “a legalização é a prioridade”.
“Quando estiverem legalizados, será possível fazer protocolos dentro das limitações que os clubes têm, porque o sócio é para ajudar o clube, não é para o clube é que ajudar o sócio”, referiu o presidente e recandidato, reconhecendo “o valor e o calor humano” fundamentais no apoio às equipas.
Tendo pela primeira vez opositor, precisamente o seu antecessor, Carlos Pereira recordou a sua ação em 1997, para superar as dificuldades financeiras do clube.
“Não houve capacidade de manter o clube vivo. Houve uma grande necessidade de fazer logo uma primeira injeção de capital no clube”, referiu, acrescentando que, entre 1994 e 1997, o passivo “disparou substancialmente e passou de 700 para três milhões e meio”.
As eleições para os órgãos sociais do Marítimo para o quadriénio 2021-2025 realizam-se no sábado, com o atual presidente Carlos Pereira (lista B) a recandidatar-se frente ao antigo presidente Rui Fontes (lista A), entre as 09:00 e as 21:00, no Estádio dos Barreiros, no Funchal.