A conquista do ‘Brasileirão’, o terceiro da história do clube da ‘estrela solitária’, depois de 1968 e 1995, culmina uma semana extraordinária da equipa carioca, após o triunfo inédito na ‘Champions’ da América do Sul, há oito dias, diante do Atlético Mineiro, em Buenos Aires, na Argentina.
Oito meses depois de ter sido oficializado como treinador do Botafogo, poucos dias após o acordo selado num restaurante de Matosinhos com o norte-americano John Textor, dono do clube brasileiro, Artur Jorge ‘vinga’ o trauma da época passada, em que o Botafogo foi líder durante muitas jornadas e em que chegou a ter uma vantagem de 14 pontos sobre o Palmeiras, de Abel Ferreira, que se sagraria campeão – o Botafogo terminaria em quinto.
Após uma saída que mereceu críticas de António Salvador, presidente do seu clube do coração, o Sporting de Braga, Artur Jorge estreou-se no campeonato a 14 de abril, com o ‘pé esquerdo’ ao perder na ronda inaugural com o Cruzeiro, por 3-2, três dias depois de outro desaire, na Libertadores, diante do Liga de Quito (1-0), no Equador.
Mas, às estreias negativas, sucedeu-se um trajeto fulgurante, que alcandorou o técnico para o patamar de um dos melhores – se não o melhor – da história do histórico clube brasileiro, nesta que é a sua primeira experiência no estrangeiro.
Natural de Braga, Artur Jorge, de 52 anos (cumpre 53 a 01 de janeiro), tem uma carreira como jogador – antigo defesa central, alinhou 12 épocas consecutivas na equipa principal dos ‘arsenalistas’, além de várias outras nos escalões de formação, e em várias foi ‘capitão’ – e treinador intimamente ligada ao principal clube da cidade, pelo qual conquistou uma Taça da Liga, em janeiro deste ano, numa final diante do Estoril Praia.
O agora campeão brasileiro e vencedor da Taça Libertadores estreou-se como treinador na I Liga portuguesa apenas em 2022/23, tendo atingido logo aí o terceiro lugar, igual classificação que, em 2019/20, ajudou a obter quando assumiu o comando da equipa principal nas últimas cinco jornadas – o Sporting de Braga tem três terceiros lugares no escalão maior do futebol português e dois deles têm ‘selo’ de Artur Jorge.
Como técnico, começou em 2009/10 no Famalicão, então no quarto escalão, e ingressou nos juniores do Sporting de Braga na época seguinte. Com uma interrupção de duas temporadas, em que orientou o Tirsense e o Limianos em escalões inferiores, voltou ao clube bracarense e à formação, em 2017/18.
Artur Jorge foi ‘subindo’ até à equipa B e, na época seguinte, 2022/23, António Salvador escolheu-o para suceder a Carlos Carvalhal, outro treinador da ‘casa’ (e que voltou esta temporada a Braga).
Além do terceiro lugar nessa temporada, atingiu ainda a final da Taça de Portugal, na qual perdeu para o FC Porto (2-0), tornando-se no único ‘arsenalista’ a disputar uma final da ‘Taça’ como jogador (1997/98) e treinador.
Em 2023/24, e depois de ultrapassar duas pré-eliminatórias, conseguiu o apuramento do Sporting de Braga para a fase de grupos da Liga dos Campeões, o que aconteceu pela terceira vez na história dos minhotos (também 2010/11 e 2012/13).
Nessa época, o técnico estabeleceu novos recordes de pontos (78), vitórias (25) e golos (75) no Sporting de Braga na I Liga e tornou-se no treinador dos minhotos com mais de 50 jogos à frente da equipa com melhor percentagem de vitórias (62 por cento).
A 05 de abril, Artur Jorge passou a ser o terceiro treinador português do Botafogo, depois de Luís Castro e Bruno Lage, e oito meses depois foi coroado ‘Rei Artur’ do clube de Nilton Santos, Didi, Gerson, Jairzinho e Garrincha.
Lusa