Os árbitros de futebol, assistentes e estagiários decidiram, na quarta-feira, entregar os pedidos de dispensa, mas dentro do prazo regulamentar de 20 dias, viabilizando assim a realização da próxima jornada.
Em comunicado enviado à agência Lusa pela Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) e pelos árbitros, é referido que a ausência destes nas competições profissionais será efetiva dentro do prazo regulamentar de 20 dias, caso não se verifiquem vários pressupostos, entre os quais "total ausência de insinuações da parte de clubes e agentes desportivos que coloquem em causa a honra e o bom nome dos árbitros".
Neste período de 20 dias, os árbitros exigem a realização de reuniões da APAF e de cinco árbitros com o presidente e direção da Liga, no sentido de ser criado "um corpo regulamentar que reforce a punição de quem não cumpre as normas éticas e disciplinares a que estão obrigados todos os agentes, tal como sucede, por exemplo, na UEFA".
Com esta posição, os árbitros consideram que defenderam assim o conselho de arbitragem e o próprio futebol português, permitindo ainda que Liga e clubes profissionais de futebol tenham "tempo suficiente para agir, de forma ponderada, mas firme, na defesa das competições em que participam".
O comunicado conjunto assenta numa lista de quatro "pressupostos" que podem evitar "a ausência dos árbitros" e cujo primeiro ponto passa pela "total ausência de insinuações, da parte de clubes e agentes desportivos, que coloquem em causa a honra e o bom nome dos árbitros".
A descrição engloba "dirigentes, treinadores, jogadores e demais funcionários, os meios de comunicação próprios e aqueles que promovem nas redes sociais".
Num segundo ponto, os árbitros explicam que o período de 20 dias, "com total ausência de insinuações, deve abranger todas estas pessoas e meios", sendo que as insinuações passam por os árbitros serem acusados "de prejudicarem sempre o mesmo clube", além de referências "a qualquer ato não provado de corrupção" ou a utilização de expressões "como ‘polvo’, ‘padre’, ‘diácono’ ou ‘apito dourado’, entre outras" associadas aos juízes.
No terceiro pressuposto, são pedidas "reuniões da APAF e cinco árbitros com o presidente e direção da Liga, com o objetivo de definir e aprovar um corpo regulamentar que reforce a punição de quem não cumpre as normas éticas e disciplinares a que estão obrigados todos os agentes".
O último ponto insta a que o novo corpo regulamentar seja "aprovado pela direção da Liga durante este prazo" e submetido à assembleia-geral do organismo até ao final do ano, "passando a vigorar assim que for regulamentarmente possível".
O comunicado aponta ainda para a "crise" que atravessam as "condições de serenidade, respeito e segurança" no futebol, e criaram, em resposta, um "gabinete jurídico específico, destinado a acompanhar e analisar todas as declarações públicas nos diversos órgãos de comunicação social".
O novo gabinete terá como objetivo "responsabilizar civil e criminalmente toda e qualquer pessoa que coloque em causa a honra e o bom nome de qualquer agente da arbitragem".
Os árbitros consideram a posição tomada "equilibrada" e com vista a "defender o Conselho de Arbitragem e para bem do futebol português", ao mesmo tempo que dá à LPFP e aos clubes "tempo suficiente para agir, de forma ponderada, mas firme, na defesa das competições em que participam".
Os juízes dizem já não quererem ser "os únicos agentes do universo do futebol profissional com bom senso" e explicam que se não se verificarem mudanças ao fim de 20 dias, "os árbitros não continuarão disponíveis para aceitar que a sua honra e bom nome continuem a ser sistematicamente postos em causa".
LUSA