O recente convite da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting para ouvir os pilotos que estão inscritos no o campeonato da Madeira de ralis de 2020 deixou muitas equipas indignadas por não terem sido chamadas a participar na reunião desta quinta-feira por vídeo conferência.
A Direção da FPAK convidou os 14 pilotos e respetivos navegadores que estão inscritos no campeonato da Madeira de ralis 2020 para uma reunião por vídeo conferencia a se realizar esta quinta-feira, dia 14 de maio, entre as 17:00 horas às 20:00.
Neste encontro marcam apenas presença os pilotos e navegadores que já tiveram o cuidado de se inscrever no campeonato madeirense, quem não o fez ficou de fora deste encontro com a Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting.
A RTP-Madeira sabe que o critério foi ouvir os pilotos e navegadores que estão inscritos na competição, foram esses que manifestaram a vontade de participar no Campeonato da Madeira de ralis de 2020 e será esse o tema central deste encontro via video conferência, o que fazer das provas para este ano.
Um critério que não convenceu alguns pilotos.
Rui Pinto é um deles, está revoltado por ter ficado de fora. O piloto disse à RTP que “é qualquer coisa de anormal não ouvir um piloto que tem licença desportiva há 35 anos”
O piloto do Ford Focus foi curiosamente o primeiro este ano a anunciar publicamente a participação no campeonato de 2020 com o Focus WRC e sublinha “quando foi adiado o Rali de São Vicente e com a situação do Covid-19 a prioridade da nossa equipa, foi acautelar outras situações. A inscrição no campeonato passou a ser secundária até porque o início do campeonato tinha sido também adiado. Existia e existe outras prioridades.”
Rui Pinto não concorda com a possibilidade de se realizar 7 ralis nos meses que faltam do ano de 2020. “É fazer ralis à pressão” e acrescenta “se antes já existiam vozes discordantes de pilotos que não concordavam com 7 ralis num ano, imaginem agora em meia dúzia de meses. No momento social que vivemos com layoffs, falta de rendimentos de empresas e famílias, fazer 7 ralis é uma loucura. Onde há dinheiro para isso? A fazer, só posso fazer eventualmente 3 provas.”
Miguel Caires que foi dos pilotos que investiu forte para a temporada de 2020 com a aquisição do Ford Fiesta R2T19, também ficou de fora do convite emitido pela FPAK.
O piloto disse à RTP que tem as licenças emitidas, até porque participou na Rampa da Camacha, mas não se inscreveu no campeonato da Madeira de ralis de 2020 porque o início do campeonato tinha sido adiado com o adiar do Rali de São Vicente, logo os procedimentos da equipa ficaram em suspenso até porque o Covid-19 obrigou a outras prioridades na vida pessoal e profissional.
Ainda assim o piloto fez saber à RTP que procura forma de participar na referida reunião.
Quem também não foi convidado foi Vitor Sá, que em 2020 manteve a aposta no Citroen DS3 R3T e que à RTP é da mesma opinião “com o adiamento do Rali de São Vicente, suspendemos a inscrição da equipa e as licenças desportivas até porque esse prazo também ficava adiado. Não era prioritário fazer a inscrição. A pandemia trouxe outras prioridades a todos nós.”
O pluricampeão madeirense em relação ao campeonato “só se deve fazer 5 ralis e mais curtos a nível de quilómetros e esquecer em 2020 o Rali Vinho Madeira, prova muito onerosa para as equipas e ainda para mais com a atual situação que vivemos não deve atrair muitos pilotos de fora e as Super Especiais dos ralis não devem ser realizadas devido a concentração de público.”
Sá assegura que com a crise já instalada perdeu 50% dos patrocínios, “uma realidade que se deve estender a muitas equipas” e garante que não marca presença no Rali Vinho Madeira este ano, “só se um dos patrocinadores quiser assegurar essa presença” e justifica “é uma prova com custos muito elevados, que dá para fazer 4 ou 5 ralis mais curtos em quilómetros” e por isso insiste “em 2020 seria melhor fazer 5 ralis curtos.”
Renato Pita, piloto continental que também já tinha anunciado continuar com o projeto para o Campeonato da Madeira de Ralis deste ano ficou também de fora dos convidados a participar na reunião.
O piloto nas redes sociais reagiu “Como deve ser do conhecimento geral, até porque fiz no passado dia 7 de março uma apresentação pública do meu projeto, onde tive o cuidado de convidar a FPAK para estar presente, o mesmo tem como objetivo principal a minha participação no Campeonato da Madeira de Ralis 2020.
Contactado pela RTP o piloto partilha da opinião dos restantes pilotos, com o adiar do início do campeonato os procedimentos da inscrição foram também adiados pelas equipas e o Covid-19 obrigou a outras prioridades.
Renato Pita defende que se pode ouvir em duas ou três sessões alguns grupos de pilotos até aqueles que tem vários anos de competição, mas que por agora estão parados. Muitas opiniões é sempre bom ouvir e ajuda a quem tem de decidir, finalizou.
Gil Freitas também não recebeu o convite, mas como já tinha começado o processo de inscrição acabou por concluir hoje a inscrição e vai participar na reunião.
João Silva, foi outro dos pilotos que deu conta da sua indignação. O piloto do Citroen DS3 R5 disse à RTP: “Como piloto no ativo e regularmente participativo nos debates em terno dos ralis, não podia deixar de estar interessado em contribuir para a solução que se urge encontrar entre todas as partes interessadas.
Sem se deter acrescentou: “Se realmente quisessem reunir um leque de pilotos abrangente, podiam ao menos incluir os inscritos no campeonato do ano passado, pois são os potenciais interessados para este ano, já que à data da suspensão das atividades desportivas as inscrição ainda estavam em curso, ainda mantendo-se em aberto, contando com apenas 12 equipas inscritas, o que fica aquém das inscrições do último ano."
Por outro lado, as autarquias também tem peso na decisão até porque ajudam as organizações em termos de custos. Os clubes estão a ouvir os repetivos Municípios, para saber até que ponto se mantem o interesse e apoio para organizar as respetivas provas.
A RTP contactou Ricardo Franco, presidente da Câmara Municipal de Machico, que disse manter interesse na realização do Rali do Marítimo, mas com algumas restrições, é porque com as atuais limitações financeiras, o Município tem uma responsabilidade social perante as pessoas de Machico, que não pode descurar.
Disse também que a acontecer o Rali Marítimo / Machico em meados de outubro seria o mais desejável.
Quanto à Rampa da Matur “não será muito viável, não faz sentido dois eventos em Machico no cenário que se vive,” finalizou.
O plano de contingência que em breve será apresentado aos clubes vai também deixar claro quais as organizações que tem condições de cumprir as exigências e assim decidir se levam a prova ou não para a estrada. Haverá restrições a cumprir, por exemplo, parque de assistências sem acesso para o público, equipas de assistências separadas por dois metros, um número muito reduzido de mecânicos por equipa, a obrigação de utilização de máscara para equipas e organizações, entre outras restrições.
Um assunto que será analisado e esclarecido exaustivamente entre a FPAK e os clubes na próxima reunião.