Segundo Miguel Ribeiro, o clube apresenta dívidas vencidas superiores a 5,6 milhões de euros, dos quais 1,9 milhões ao Estado, e contabiliza 3,1 milhões de incumprimento a fornecedores e prestadores de serviços.
“O presente é dramático, de facto, e o estado das finanças económico-financeiras do clube exige o pedido de insolvência. Com oito milhões de euros de capital negativo, não tínhamos outra solução”, sublinhou o dirigente, que tomou posse em junho.
O presidente da direção salientou que aqueles montantes “são resultado de dívidas que se acumularam ao longo dos anos, sendo que se entrou em incumprimento generalizado no primeiro trimestre deste ano”.
Do lado da receita, Miguel Ribeiro chamou a atenção para a antecipação de mais de 500 mil euros de rendas, algumas até 2029 e 2032, dos quais 350 mil euros são referentes a este triénio, e 160 mil relativos a esta época desportiva.
A descida à Liga 3, no final da época transata, pela primeira vez na história do clube, implicou também a perda de receitas na ordem de 1,5 milhões de euros, relativas a transmissões televisivas, aposta online e da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
“A Académica não preenchia os requisitos para se avançar com um Plano Especial de Recuperação [PER], pelo que só restou a solução de pedir a declaração de insolvência”, adiantou o presidente da direção.
De acordo com o dirigente, a ‘Briosa’ tem cumprido com o pagamento dos ordenados aos trabalhadores, que mesmo assim são credores de quase 350 mil euros de salários e subsídios em atraso, de impostos (incluindo o IVA referente a abril e maio de 2022, IRS e Segurança Social referentes a maio 2022) e contribuições vencidas entre 15 de junho de 2022 e 25 de setembro de 2022.
Desde que tomou posse, a nova direção afirma ter efetuado pagamentos que ascendem a mais de 800 mil euros, dos quais 250 mil euros para salários em atraso.
Miguel Ribeiro vê na aprovação do pedido de insolvência com plano de recuperação a “salvação” do emblema dos ‘estudantes’, salientando que a constituição de uma Sociedade Anónima Desportiva (SAD), que está a ser trabalhada, “não iria contribuir em nada para o clube ficar solvente”.
“O modelo de uma futura SAD será apresentado aos sócios, previsivelmente até ao final do ano. Estamos a trabalhar nesse sentido, para depois no próximo ano avançarmos com todo o processo de constituição”, adiantou.
Salientando que o futuro passa pela criação da SAD, o presidente da Académica acredita que o futuro modelo societário permita “captar investimento para a equipa de futebol e para modernização de infraestruturas, de forma que a Académica possa almejar a subida de divisão, que trará mais receita”.
O pedido de insolvência deverá ter uma decisão judicial dentro de quatro a cinco meses, de acordo com Miguel Ribeiro. Caso seja declarada a insolvência, será aberto um prazo para os credores reclamarem os seus créditos, seguindo-se depois a apresentação e votação do plano de recuperação pela assembleia de credores.