“Os mesmos que nos autorizam” a marchar, deram “ordens superiores” à polícia para atacar os participantes, referiu Quitéria Guirrengane, uma das organizadoras.
Desde as 08:00 (06:00 em Lisboa) que uma sequência se repete: participantes juntam-se a entoam canções de Azagaia e a polícia, armada, com força canina e blindados, dispara gás lacrimogéneo contra os grupos, obrigando-os a fugir.
Depois juntam-se noutra esquina e a situação repete-se.
O gás tem sido disparado por entre transeuntes e circulação automóvel do centro da cidade – que por vezes ficam sob o gás -, nas imediações da estátua de Eduardo Mondelane, na avenida com o mesmo nome.
“Povo no poder” e “Vampiros” são canções entoadas pela multidão, maioritariamente jovem, que critica o poder e a governação do país entregue à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) desde a independência.
Pelas 09:30 (07:30 em Lisboa) alguns dos grupos começaram a cortar o trânsito e vários polícias correram para cima dos grupos empunhando metralhadoras, levando a uma maior dispersão.
No entanto, vários jovens continuam presentes em ruas das imediações, com palavras de ordem e ânimos exaltados contra a polícia.
Já na terça-feira, o funeral de Azagaia em Maputo tinha juntado milhares de pessoas, mas o cortejo foi bloqueado por blindados e polícia fortemente armada que disparou gás lacrimogéneo num ponto do percurso que passaria em frente à residência oficial do Presidente da República.
Com mais de 20 anos de carreira, o ‘rapper do povo’, como era conhecido Azagai, ficou célebre pela crítica aberta à governação em Moçambique e por dar voz aos problemas da população, de tal forma que em 2008 chegou a ser questionado pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
As rimas não passavam na rádio e televisão públicas e os deputados da Frelimo, no poder desde a independência, apontavam-no como intérprete da oposição.
Lusa