"Houve conversações com a Visit Saudi, mas no final não se firmou um contrato", disse Gianni Infantino numa conferência de imprensa após ser reeleito presidente da Fifa no 73.º congresso da instituição que decorreu na capital do Ruanda, em Kigali.
"Foi uma tempestade num copo de água", acrescentou Infantino, referindo-se à reação da Austrália e Nova Zelândia em fevereiro sobre o anúncio de que o torneio, que se realiza de 20 de julho a 20 de agosto, poderia ter um patrocínio saudita, devido ao histórico daquele país em matéria de direitos das mulheres.
A Federação Neozelandesa de Futebol disse estar "chocada e desapontada" por a FIFA não as ter consultado.
"A FIFA é uma organização composta por 211 federações nacionais, não há nada de errado em aceitar parcerias da Arábia Saudita, China, Estados Unidos, Brasil ou Índia", defendeu, contudo, Infantino.
As federações de futebol da Austrália e da Nova Zelândia saudaram o anúncio da FIFA.
"Congratulamo-nos com o esclarecimento", disse o líder do futebol australiano, em comunicado. "Igualdade, diversidade e inclusão são compromissos muito importantes" para a federação australiana, sublinhou James Johnson.
"Acreditamos ser essencial que todas as parcerias comerciais se alinhem com a visão e os valores dos torneios em que estão envolvidas", disse, por sua vez, a federação neozelandesa.
Em dezembro, o Conselho dos Direitos Humanos na ONU apontou a Arábia Saudita como um dos cinco países do mundo que mais violam os direitos humanos, sublinhando que as mulheres são particularmente vulneráveis a abusos.
As mulheres são vítimas de forte discriminação na Arábia Saudita, o que o país explica com o seu caráter islâmico especial que, segundo as autoridades, justifica uma ordem social e política diferente da do resto do mundo, referiu a lista.
O presidente da FIFA disse na quinta-feira que os prémios de jogador e a compensação aos clubes relativos ao Campeonato Mundial de 2023 tinham triplicado para os 152 milhões de dólares (143 milhões de euros).
No entanto, salientou que os operadores televisivos não se têm mostrado interessados em transmitir o Campeonato do Mundo de Futebol feminino: "Se nos ofereceram 100 milhões [de dólares, 94 milhões de euros] pelo Campeonato do Mundo masculino, oferecem-nos um milhão [de dólares, 940 mil euros] ou menos pelo torneio feminino, ao mesmo tempo que as emissoras criticam a FIFA sobre a igualdade de género na questão do bónus".
"Podem oferecer menos 20% ou mesmo 50% menos, mas não 100% menos, as mulheres merecem mais, muito mais, e nós estamos aqui para lutar ao seu lado", afirmou.
A seleção feminina portuguesa garantiu em fevereiro o inédito apuramento para o Campeonato do Mundo, onde integra o Grupo E com as bicampeãs mundiais Estados Unidos, as vice-campeãs dos Países Baixos e o Vietname.