Quando questionado sobre o caso, o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, disse ter lido “com muito interesse” as notícias divulgadas, mas preveniu contra conclusões precipitadas.
“Temos de distinguir se foi um grupo ucraniano que atuou sob as ordens da Ucrânia (…) ou sem o conhecimento do Governo”, assinalou em Estocolmo, onde decorreu hoje e terça-feira uma reunião informal dos ministros da Defesa da União Europeia (UE).
O diário alemão Die Zeit e as televisões públicas ARD e SWR referiram na terça-feira que investigadores conseguiram detetar a forma como os gasodutos entre a Rússia e a Alemanha foram sabotados na noite de 26 de setembro de 2022.
Ao citarem responsáveis oficiais sob anonimato, os ‘media’ referem que cinco homens e uma mulher utilizaram um iate contratado a uma empresa ucraniana na Polónia para efetuar o ataque. Os procuradores federais alemães confirmaram que um barco foi alvo de investigações em janeiro.
O diário norte-americano New York Times também indicou na terça-feira que responsáveis oficiais dos Estados Unidos, após investigações preliminares, concluíram que um grupo pró-ucraniano esteve envolvido no atentado, uma alegação negada por Kiev.
Em declarações à margem do encontro na capital sueca, Pistorius indicou que alguns peritos também admitem a possibilidade de uma operação de “falsa bandeira” promovido por um grupo pretensamente ucraniano.
“Não seria a primeira vez na história que estas situações acontecem”, disse o ministro alemão, reforçando: “Assim, abstenho-me de emitir conclusões prematuras”.
Ao ser questionado se estes relatos poderão influir no apoio ocidental à Ucrânia, Pistorius disse preferir responder quando obtiver informação credível.
“Tudo o resto é hipotético”, acrescentou.
Também presente em Estocolmo, o ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, rejeitou as alegações sobre um ataque organizado por Kiev.
“É quase um elogio para as nossas forças especiais, mas não se inclui nas nossas atividades”, indicou aos jornalistas.
De acordo com os ‘media’ alemães, os suspeitos utilizaram passaportes falsos quando alugaram o barco, que partiu do porto alemão de Rostock. O grupo integraria um capitão, dois mergulhadores, dois assistentes de mergulhadores e um médico, assegurou a ARD.
O gabinete do procurador federal alemão recusou comentar estas informações. No entanto, confirmou que investigadores conduziram uma operação de busca entre 18 e 20 de janeiro “relacionada com o aluguer suspeito de um barco”.
“Existe a suspeita que o barco em questão serviu para transportar explosivos que foram acionados em 26 de setembro de 2022 nos gasodutos Nord Stream I e Nord Stream II”, indicou o gabinete do procurador à agência noticiosa Associated Press (AP).
Ainda na terça-feira, John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, recusou comentar a notícia do New York Times, ao assinalar que prosseguem investigações promovidas pela Dinamarca Alemanha e Suécia.
Para além dos danos económicos, as explosões libertaram uma grande quantidade de metano, muito prejudicial para o ambiente.
Hoje, o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, optou por sublinhar que as informações dos ‘media’ sobre um alegado envolvimento ucraniano nas explosões do Nord Stream consistem numa manipulação coordenada e destinada a encobrir os promotores do ataque.
“Os mentores do ataque terrorista pretendem claramente distrair as atenções”, disse Peskov, citado pela agência noticiosa estatal Ria Novosti.
O Presidente russo, Vladimir Putin, e diversos responsáveis acusaram os Estados Unidos de planearem as explosões nos gasodutos, que classificaram como um ataque terrorista.
Peskov também frisou que foi negado à Rússia o acesso a diversas provas da investigação, pedindo um inquérito internacional transparente.
Os gasodutos Nord Stream I e II há muito que eram alvo de acérrimas críticas dos Estados Unidos e de alguns dos seus aliados, ao alegarem que constituíam um risco para a segurança energética da Europa devido à crescente dependência do gás russo.
A Alemanha interrompeu a certificação do Nord Stream II, que ainda não estava em funcionamento, após a invasão russa da Ucrânia de 24 de fevereiro de 2022, e Moscovo interrompeu o fornecimento de gás no Nord Stream I algumas semanas antes do ataque à infraestrutura instalada sob o mar Báltico.
Lusa