António Costa citava o estudo de impacto das verbas do PRR no PIB feito pelo Gabinete de Estudos e Relações Internacionais do Ministério das Finanças (GPEARI).
O chefe do executivo discursava no antigo Picadeiro Real, em Lisboa, no início de um balanço da execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) feito pelo Governo ao Presidente da República, em que também participou a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva.
Costa referiu estes dados para salientar que o PRR tem “um impacto económico que supera em muito os 16,6 milhões de euros que já estão alocados”, designadamente através do “efeito de alavancagem que tem de investimento”.
“Só no programa das Agendas Mobilizadoras, que é talvez o mais desafiante (…), dos três mil milhões de euros do apoio do PRR, correspondem depois 7.700 milhões de euros de investimento, sobretudo por parte das empresas”, frisou.
O primeiro-ministro acrescentou que o PRR tem um “impacto muito significativo naquilo que é o volume de negócios”.
“Só no âmbito destas Agendas Mobilizadoras, o conjunto de consórcios pretende produzir mais dois mil produtos, serviços ou patentes, com um aumento do volume de negócios anual de 8.800 milhões de euros, e isto significa que este efeito multiplicador para os próximos anos do PRR vai ser fortíssimo na economia portuguesa”, disse.
Nesta intervenção, de cerca de 25 minutos, António Costa recordou que o PRR foi criado pela Comissão Europeia, em conjunto com outros programas europeus, para “responder à estabilização da economia” e “recuperação da recessão”.
António Costa salientou que, dois anos volvidos sobre a criação do PRR, “é muito claro que a economia europeia em geral, e a portuguesa em particular, recuperou em 2021 e 2022 do brutal impacto da covid em 2020 e está genericamente melhor do que estava em 2019”.
“Se nós olharmos para a nossa própria realidade, nós temos um PIB em 2022 que já está 3,2% acima do de 2019, as nossas exportações cresceram o ano passado 31% acima de 2019, a formação bruta de capital fixo subiu 33% relativamente a 2019, e temos mais 107 mil empregos em 2022 do que os empregos que existiam em 2019”, indicou.
Apesar disso, o primeiro-ministro citou o Presidente da República para referir que, além de recuperar da pandemia, o PRR deve também servir para “reconstruir o país, virando para o futuro a economia e a sociedade portuguesa”.
“Foi bem visto, porque a parte da recuperação, essa pelo menos já estamos acima de 2019. Agora falta esta parte, que é a reconstrução do país nesta lógica do futuro”, sublinhou.
Costa salientou que, das verbas que Portugal vai receber, 70% já estão “contratualizadas com IPSS, empresas, entidades do sistema científico e tecnológico, municípios, entidades da administração central”.
“A Comissão Europeia já autorizou, e já procedeu mesmo ao pagamento e à transferência para Portugal de 30% da totalidade das verbas, porque corresponde ao cumprimento de todas as metas e de todos os marcos que já cumprimos até agora”, sublinhou.
António Costa dirigiu-se ainda a Marcelo Rebelo de Sousa para o convidar a que visitem juntos, no terreno, algumas das iniciativas em que está a ser aplicado o PRR.
“Não queria deixar de renovar o convite ao senhor Presidente da República para que, passado o Carnaval, e portanto pelo mês de março, pudéssemos ter algumas ações para ver no terreno como é que municípios, IPSS, universidades, politécnicos, empresas, estão a aplicar efetivamente o PRR”, disse.