Acompanhado pelos chefes das igrejas de Inglaterra e da Escócia, representantes das outras duas confissões cristãs no Estado mais jovem do mundo, Francisco afirmou na sexta-feira que o "tortuoso caminho" da paz "não pode mais ser adiado", durante um discurso muito político perante as autoridades da capital.
De 2013 a 2018, este país de 12 milhões de habitantes foi assolado por uma guerra civil sangrenta entre os partidários de dois líderes inimigos, Salva Kiir e Riek Machar, que matou 380.000 pessoas.
Apesar de um acordo de paz assinado em 2018, a violência continua e o país contava em dezembro 2,2 milhões de deslocados internos, devido aos conflitos e inundações, segundo números divulgados pelas Nações Unidas.
Francisco disse hoje aos religiosos e religiosas do Sudão do Sul, onde chegou na sexta-feira, que o seu primeiro dever é dar as mãos a este povo que sofre, num encontro que manteve com o clero na catedral de Santa Teresa, na capital, Juba.
O Papa encorajou os bispos, padres e freiras a servirem o povo e a juntarem-se às suas lágrimas, num país atingido por conflitos e crises humanitárias.
Hoje, o Papa argentino, muito ativo na defesa dos migrantes, irá encontrar-se com alguns deslocados.
Cerca de 4.000 pessoas reuniram-se muito cedo, de acordo com as autoridades, para esperar pelo Papa no pátio da catedral de Santa Teresa, muitas agitando bandeiras nacionais, em clima de festa.
"Viemos aqui para receber a sua bênção. Tudo é uma questão de paz. O Papa Francisco não pode nem andar, mas ainda vem aqui para encorajar os nossos dirigentes", declarou à Agência France-Presse (AFP) John Makuei, 24 anos, que chegou antes do amanhecer para não perder "este dia histórico".
O Papa chegou na sexta-feira ao Sudão do Sul, no âmbito de uma visita que o levou também à República Democrática do Congo.