"O Pelé está naquele patamar restrito dos jogadores predestinados, no qual coloco Maradona, Cruyff, Eusébio, Ronaldo ‘Fenómeno’, Messi e Cristiano Ronaldo. Há os jogadores maus, medianos, bons, muito bons e, depois, há esses, raros, que estão noutra dimensão", disse Humberto Coelho, em declarações à agência Lusa.
Humberto Coelho, que foi um dos melhores centrais do futebol português, defrontou Pelé, em dois jogos entre o Benfica e o Santos, em 1968: "Joguei contra ele em Buenos Aires, num torneio, e em Nova Iorque, num ‘particular’. Marquei-o nas duas vezes, no primeiro não fez nenhum golo, e, no segundo, empatámos a três golos, num jogo espetacular".
Marcar Pelé não foi tarefa fácil, como reconhece Humberto: "Foi difícil para mim, como era para todos os defesas. É claro que já o conhecia de ver jogar, nomeadamente no Mundial de 1966, e era muito complicado de marcar".
"Reunia um conjunto de qualidades extraordinárias, era muito bom tecnicamente, tinha um chuto potente com os dois pés, era muito forte no jogo de cabeça, na impulsão, no drible. Era tão rápido a driblar, o defesa nunca sabia para que lado ia sair o drible ou o que ele ia fazer a seguir, o que tornava simplesmente imprevisível", acrescentou.
Para Humberto Coelho, o tricampeão do mundo pelo Brasil pertencia a uma estirpe de "jogadores intemporais, que desequilibram e que resolvem os jogos, cuja talento extraordinários e arte enriqueceram o futebol".
A finalizar, o antigo internacional luso endereçou à família enlutada de Pelé as "mais sentidas condolências".
A lenda do futebol brasileiro e mundial, único jogador tricampeão do Mundo, ficou internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo, em 29 de novembro, quando se submeteu a uma reavaliação do tratamento ao cancro de colón detetado em setembro de 2021, e ao tratamento de uma infeção respiratória, agravada pela covid-19, com antibióticos.
Desde que foi operado ao cancro, Pelé passou por um ciclo de sessões de quimioterapia que o obrigou a ir várias vezes ao hospital para acompanhar a sua evolução.
A saúde de Pelé piorou nos últimos anos também por outras causas, como problemas na coluna, na anca e nos joelhos, que reduziram a sua mobilidade e o obrigaram a ser operado, além de ter sofrido uma crise renal, o que reduziu drasticamente as suas aparições públicas, embora tenha continuado ativo nas redes sociais.
Pelé, o único futebolista três vezes campeão do mundo, em 1958, 1962 e 1970, assinou 77 golos nas 92 internacionalizações pela seleção brasileira, tendo vestido as camisolas do Santos e dos norte-americanos do Cosmos.
Foi ainda ministro do Desporto no governo de Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 1998.