“Somos assim, seremos assim, faz parte da nossa identidade e no dia em que deixarmos de o ser deixaremos de constituir aquela diferença que nos torna mais do que europeus, universais. Um português só é português quando é universal, senão não é plenamente português”, considerou o Presidente da República.
Marcelo Rebelo de Sousa presidiu à cerimónia que assinalou os 250 anos deste farol, localizado no concelho de Sintra e no ponto mais ocidental do continente europeu. No evento estiveram presentes o chefe do Estado-Maior da Armada e Autoridade Marítima Nacional, almirante Henrique Gouveia e Melo, o secretário de Estado da Defesa Nacional, Marco Capitão Ferreira e o presidente da Câmara Municipal de Sintra, Basílio Horta, entre outras entidades.
O Presidente da República afirmou que o mar é um local onde são desenvolvidas muitas atividades, “económicas, de lazer” e “onde operadores marítimos e cidadãos se sentem em segurança”
“Mas sobretudo é o nosso destino, a nossa vocação, uma vocação de séculos e uma vocação que nos diferencia de tantos outros povos europeus. Esses povos são predominantemente continentais, nós somos predominantemente marítimos (…) É a nossa riqueza, é a nossa diferenciação. E é bom ouvir de parte de vossa excelência senhor almirante Gouveia e Melo a reafirmação daquilo que é a história da nossa Marinha, intimamente ligada à afirmação da Autoridade Marítima Nacional, que é a história de uma dedicação à pátria que é uma dedicação àquilo que é uma vocação nossa”, sustentou.
Numa cerimónia ao ar livre, sob um sol que é pouco comum naquele local, Marcelo defendeu perante os presentes que “não há segurança marítima sem faróis” e que a relevância do farol do Cabo da Roca “não ficou refém da sua face voltada ao mar”.
“Nós estamos ligados ao mar mas não esquecemos a terra e, por isso, não vale pena regressar às polémicas que marcaram séculos anteriores entre os defensores de Portugal terra, e de Portugal mar. Portugal é mar mas cuida da terra”, sublinhou.
O chefe de Estado classificou os faróis como “monumentos vivos de Portugal” e deixou uma palavra de agradecimento aos “faroleiros e suas famílias”, mas também ao almirante Gouveia e Melo.
“Bem haja o senhor almirante por ter convidado o Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas para esta cerimónia. Parece pequena, mas é enorme. A história das pátrias faz-se de pequenas coisas que são grandes coisas. Estamos hoje num grande momento porque é o assinalar 250 anos de história, mais de 700 anos de história da Marinha e quase 900 anos da História de Portugal”, rematou.
Momentos antes, o chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Gouveia e Melo, agradeceu a presença dos convidados e falou também para Marcelo Rebelo de Sousa.
“Senhor Presidente [da República], excelência, reconhecido que é vossa excelência como um dos grande defensores de uma Europa atlântica, da nossa diáspora e do nosso papel no mundo, permita-me juntar a minha voz na urgência de concretizar um renovado desígnio marítimo português”, afirmou.
Gouveia e Melo salientou que este objetivo “requererá ambição, ousadia e uma vontade férrea de garantir as condições de um Portugal euro-atlântico capaz de maximizar o enorme potencial geoeconómico e geoestratégico da sua posição, dos seus vastos espaços marítimos, da sua história, da sua cultura e ligações além-mar”, podendo o Presidente da República contar com a Marinha para este desígnio.
O almirante Gouveia e Melo lembrou que foi diretor de faróis durante dois anos, enaltecendo o trabalho dos faroleiros.
“Ordenei ao meu Estado-Maior para analisar a carreira do pessoal militarizado, de que os faroleiros fazem parte, com o objetivo de introduzirmos medidas tendentes ao refrescamento do mapa de pessoal, valorização técnica da atividade formativa dos faroleiros e melhorias na respetiva progressão da carreira”, anunciou.
Depois dos discursos, o Presidente da República e o almirante Gouveia e Melo descerraram uma placa que assinalou o evento e visitaram o museu do farol.
O farol do Cabo da Roca está ativo desde 1772 e é um dos mais antigos de Portugal. É constituído por uma torre de 22 metros de altura e a sua luz tem um alcance luminoso de cerca de 26 milhas náuticas, aproximadamente 48 quilómetros.
Em 1982 o farol foi ligado à rede elétrica de distribuição pública e em 1990 foi automatizado. Atualmente é guarnecido por dois faroleiros que asseguram o assinalamento marítimo entre o cabo da Rosa e a Assenta.
Lusa