A informação foi avançada pela procuradoria, que detalhou que o suspeito foi de novo levado sob custódia hoje à tarde, depois de no sábado, ao final do dia, ter sido hospitalizado numa unidade psiquiátrica.
O detido, que alega ter um “ódio patológico a estrangeiros", é um reformado francês que admitiu ter aberto fogo num centro cultural curdo e num salão de cabeleireiro em Paris, matando três curdos e ferindo outras três pessoas.
O homem, com antecedentes criminais por ataques racistas e libertado da prisão no dia 11 deste mês, tinha acesso a armas por fazer parte de um clube desportivo de tiro e não pertencia a qualquer grupo de extrema-direita, indicou, na altura, o ministro do Interior francês.
O suspeito enfrenta potenciais acusações de homicídio e tentativa de homicídio com um motivo racista, segundo o Ministério Público parisiense.
A investigação não conseguiu até agora estabelecer quaisquer ligações particulares com a comunidade curda, e nem a análise do seu telefone, nem do computador que tinha em casa dos pais estabeleceram qualquer relação com a ideologia de extrema-direita.
As investigações excluem, para já, o caráter terrorista da ação, como defendido por representantes da comunidade curda em França, que colocam a Turquia por detrás dos acontecimentos, ocorridos quase dez anos depois do assassinato a sangue frio de três militantes curdos muito próximo do local onde este tiroteio teve lugar.
De acordo com uma informação divulgada hoje pela procuradora parisiense Laure Beccuau, o autor do tiroteio confessou aos investigadores que tinha tentado levar a cabo o massacre mais cedo na cidade vizinha de Saint-Denis e que a sua intenção era cometer suicídio "depois de matar os estrangeiros".
De acordo com a declaração da procuradora, o suspeito afirmou que na sexta-feira de manhã se deslocou a Saint-Denis, cidade a norte de Paris conhecida por ser habitada por muitos imigrantes, com intenção de matar o máximo possível.
Embora estivesse a carregar a arma e munições, como não encontrou demasiadas pessoas desistiu do plano e regressou ao bairro onde vive, lembrando-se entretanto que havia ali um centro cultural curdo, comunidade que disse odiar por ter feito prisioneiros do autoproclamado Estado Islâmico (IS) e não os ter matado.
Ali cometeu o massacre, matando dois homens e uma mulher, os dois primeiros em frente ao centro cultural e o terceiro num restaurante curdo adjacente. Dois morreram no local, o terceiro no hospital.
O homem foi então para um cabeleireiro próximo, onde feriu mais três pessoas e onde foi desarmado por uma delas, até ser preso pelas forças de segurança.
Durante o interrogatório, que teve de ser adiado no sábado devido a problemas psiquiátricos, descreveu-se como "depressivo" e "suicida".
Afirmou que o seu ódio aos estrangeiros começou quando em 2016 sofreu um roubo em sua casa.
Ao procurador, disse que "a única coisa" que lamenta é "não ter cometido suicídio", algo que planeia fazer "um dia", mas "não sem primeiro levar o maior número possível de inimigos", referindo-se a "todos os estrangeiros não europeus".
Lusa