“Estão as quatro [candidaturas] de parabéns, pela pré-escolha, e está Évora especialmente de parabéns”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, tendo realçado que Évora “merece esta chamada de atenção” até porque, notou, “muitas vezes se tem dito, e com alguma razão, que o Alentejo, de quando em vez, fica esquecido”.
Para o chefe de Estado, que falava aos jornalistas em Abrantes (Santarém), à margem de uma visita a três museus daquele município, esta “é uma oportunidade para chamar a atenção para a cultura, para a universidade, para aquilo que é o património cultural de Évora em toda a sua riqueza”, mas é também “importante para o turismo, interno e externo, e para a projeção do futuro".
“Uma capital europeia da cultura não é só passado. É presente e é futuro”, salientou.
Évora será Capital Europeia da Cultura em 2027, juntamente com Liepaja, na Letónia, foi hoje anunciado, numa conferência de imprensa em Lisboa, no Centro Cultural de Belém (CCB).
A cidade de Évora foi escolhida de um lote de quatro finalistas, do qual também faziam parte Aveiro, Braga e Ponta Delgada. O anúncio foi feito pela presidente do júri internacional, Beatriz Garcia.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, reagiu à nomeação de Évora em Abrantes, onde visitou durante a tarde o Museu Metalúrgica Duarte Ferreira (MDF), em Tramagal, o Panteão dos Almeida, na Igreja de Santa Maria do Castelo, culminando no Museu Ibérico de Arqueologia e Arte (MIAA), um equipamento tido como “central” no processo de regeneração urbana da cidade e que representou um investimento de 6,3 milhões de euros.
“Foi muito gratificante”, disse o Presidente da República no final do périplo, tendo destacado que os três museus que visitou “são muito, muito atuais na museologia”, uma “ciência” que elogiou.
“Aqui temos do mais avançado que tenho visto em termos de museologia”, destacou, ladeado pelo presidente da Câmara de Abrantes, que agradeceu a visita e o reconhecimento do chefe de Estado à Rede de Museus de Abrantes, tendo feito notar o investimento efetuado num projeto global de regeneração urbana, e a importância da cultura na dinâmica económica e turística do concelho.
O MIAA, que decorre da requalificação do Convento de S. Domingos através de um projeto do arquiteto Carrilho da Graça, ocupa todos os espaços disponíveis dos dois pisos do antigo convento com áreas de exposições, permanentes e temporárias, onde está parte da coleção de arqueologia e arte municipal, o espólio de pintura contemporânea da pintora Maria Lucília Moita e a coleção arqueológica Estrada, propriedade da Fundação Ernesto Lourenço Estrada, Filhos.
São cerca de cinco mil as peças recolhidas no que foi o antigo território da Lusitânia e que fazem parte das coleções da Fundação Estrada, das quais 537 estão selecionadas para exposição pública ao nível de ourivesaria ibérica, armaria e arte sacra dos séculos XVI a XVIII, além de coleções de numismática, arquitetura romana, medieval e moderna, relógios de várias épocas e uma exposição de arqueologia e história local.
Uma das alas do MIAA é formada por artefactos arqueológicos pré e proto-históricos em pedra, cerâmica, bronze e outros materiais que representam a vida económica e social de várias culturas e povos que viveram no território que hoje é Portugal.
A coleção das cerca de cinco mil peças arqueológicas referentes ao período anterior à fundação da nacionalidade, relacionadas com a Lusitânia, foram “recolhidas e adquiridas em leilões” ao longo de meio século, em vários pontos da Península Ibérica.