Os dois grupos de dezenas de manifestantes – ligeiramente em maior número do lado contra Lula da Silva – tinham menos de cinco metros a separá-los entre si, atrás de grades metálicas e perante um contingente policial reforçado.
“Lula ladrão, o seu lugar é na prisão”, gritaram manifestantes que contestam a vitória eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva nas presidenciais de 30 de outubro.
“Brasil, Brasil, Brasil, vitória”, replicavam, por sua vez, os apoiantes de Lula da Silva.
Os apoiantes contra e pró-Lula da Silva esperavam a saída do Presidente eleito do Brasil de uma reunião com o chefe de Estado português, no primeiro de dois dias da sua visita a Portugal, tendo-se também encontrado no Palácio de Belém com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi.
À saída de Lula da Silva, os manifestantes reforçaram os seus gritos a favor e contra o político brasileiro, mas quando a polícia cortou o trânsito para facilitar a circulação da comitiva, três autocarros da Carris fizeram uma barreira entre o palácio e a concentração.
O empresário Daniel Rolha, há 18 anos radicado em Portugal, disse à Lusa que apesar da divisão evidente entre os brasileiros concentrados em frente ao Palácio de Belém, “o Brasil não é um país divido”.
“Não acredito num Brasil dividido, mas reconheço que o grande desafio de Lula da Silva é unir os brasileiros”, vincou o apoiante do Presidente eleito.
A administradora de empresas Joyce, há seis anos a viver em Portugal, afirmou à Lusa que estava em frente ao Palácio de Belém, “para protestar contra a corrupção e o roubo da vitória eleitoral de Jair Bolsonaro” nas eleições de 30 de outubro.
Questionada sobre a inevitabilidade de Lula da Silva tomar posse em 01 de janeiro próximo, Joyce, que recusou revelar o apelido, foi perentória: “As forças armadas não vão permitir”.
A seu lado, eram muitos os cartazes em que se podia ler “SOS Forças Armadas”, um dos desejos dos apoiantes do atual Presidente, Jair Bolsonaro, nas manifestações dentro e fora do Brasil desde o anúncio do resultado das eleições.
Os apoiantes de Lula da Silva foram os primeiros a abandonar a concentração, seguidos algum tempo depois dos apoiantes de Jair Bolsonaro.
Luiz Inácio Lula da Silva ganhou as eleições presidenciais de 30 de outubro com 50,9% dos votos, contra 49,1% para o atual Presidente, Jair Bolsonaro, que procurava um novo mandato de quatro anos.
Lula da Silva assumirá novamente a Presidência do Brasil em 01 de janeiro de 2023 para um terceiro mandato, após ter governado o país entre 2003 e 2010.