A manifestação reuniu várias plataformas de ativistas, como a Just Stop the Oil e a Million Mask March, assim como grupos sindicais e organizações cívicas e comunitárias, mobilizando milhares de pessoas que desfilaram à chuva, à volta do Parlamento britânico, empunhando faixas com mensagens como “O Reino Unido está estragado” ("Great Britain is broken", uma palavra de ordem usada pelo Partido Conservador quando se encontrava na oposição) e “Fora com os conservadores!”.
De acordo com a ativista Ramona McCartney, organizadora de uma das plataformas de protesto, a manifestação foi convocada para denunciar a "profunda crise do Governo, com um terceiro primeiro-ministro em poucos meses".
As organizações que convocaram a manifestação querem pressionar as autoridades para declararem a realização imediata de eleições gerais no país, de modo a que sejam tomadas medidas contra os baixos salários e para que algumas leis "anti-sindicais" sejam revogadas.
Grupos antirracismo também participaram na manifestação, exigindo a demissão da ministra do Interior, Suella Braverman, que tem sido acusada de incompetência a lidar com o problema da migração.
No início da semana, Braverman provocou indignação quando descreveu o número de pessoas que procuram asilo no país como uma “invasão”.
As declarações foram de imediato classificadas como "horríveis", pelo alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk.
Hoje, o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, prometeu que o orçamento, que deve apresentar a 17 de novembro, será “justo”, e reiterou que as decisões foram “difíceis”, face à crise económica e financeira que o país atravessa.
O país sofre com o peso da inflação em níveis recorde e com as preocupações financeiras causadas pelo Governo anterior da conservadora Liz Truss.
De acordo com vários meios de comunicação britânicos, citados pela AFP, o primeiro-ministro e seu ministro das Finanças, Jeremy Hunt, estão a considerar destinar até 50.000 milhões de libras (cerca de 57.000 milhões de euros) em aumentos de impostos e cortes de gastos, para garantir a estabilidade de longo prazo das finanças públicas, augurando um retorno da austeridade.
Além do aumento dos preços, numa taxa anual de inflação que ultrapassou os 10% em outubro, os britânicos estão também a sofrer aumentos de taxas de juro, que elevam o custo dos empréstimos bancários para habitação.
O país tem sido palco de várias greves, nos últimos meses, para reivindicar aumentos salariais, num momento em que os conservadores, no poder há 12 anos, lutam para se manter à frente nas sondagens, face à oposição do Partido Trabalhista.