“Este mapa de vagas reforça a confiança no SNS [Serviço Nacional de Saúde], porque é o maior número de vagas que alguma vez foi aberto”, e em várias especialidades, disse o governante.
Manuel Pizarro destacou que nas especialidades onde há maior carência de médicos há “números recordes de vagas”, exemplificando o caso da Medicina Geral e Familiar.
Esta especialidade tem 574 vagas, mais 10% do que este ano (521).
A Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo é a que reúne o maior número de vagas para formação especializada em Medicina Geral de Familiar (200), seguida da ARS do Norte (182), do Centro (114), do Alentejo (26), Algarve (21), Açores (18) e Madeira (13).
Com 85 vagas, mais cinco face a 2022, a Anestesiologia também tem o “maior mapa de sempre”, concentrando-se o maior número de vagas na ARS do Norte (34), seguida de Lisboa e Vale do Tejo (29), Centro (15), Madeira, Açores e Algarve, com duas cada uma, e o Alentejo com uma vaga.
“Ginecologia e Obstetrícia que tem estado debaixo das atenções de todos tem mais seis vagas do que no ano anterior [12,5%], 54 vagas no total”, disse Manuel Pizarro.
As regiões de Lisboa e Vale Tejo e do Norte têm 19 vagas cada uma para formação nesta especialidade, enquanto a região Centro tem nove, o Algarve tem três, a Madeira dois e os Açores e o Alentejo têm uma vaga, cada um.
A Medicina Intensiva terá 70 vagas, mais 13 (23%) em relação a este ano, Radiologia 38 vagas, mais sete (22,6%), refere o Ministério da Saúde numa nota enviada à Lusa na qual reconhece que apesar de existirem “crescimentos significativos em várias especialidades”, os valores ainda não estão em linha com as necessidades do SNS.
O total de médicos inscritos para o concurso é de 2.343. Destes, 1.819 correspondem a médicos que se vão candidatar pela primeira vez, por estarem a terminar o ano de formação geral.
Segundo o Ministério da Saúde, estão ainda inscritos 383 médicos que, por várias razões, não ficaram incluídos nos concursos de anos anteriores, e 141 médicos que pretendem tentar mudar de especialidade.
Para Manuel Pizarro, o mapa de vagas, que será publicado hoje em Diário da República e na Administração Central do Sistema de Saúde, “responde ao mesmo tempo às necessidades do país e do SNS e às aspirações dos jovens médicos”.
Questionado como foi possível conseguir este número de vagas numa altura em que muitos especialistas deixaram o SNS, o que poderia pôr em causa alguma formação, o governante realçou o “enorme esforço de colaboração” entre o Ministério da Saúde e a Ordem dos Médicos na realização deste trabalho.
“Quero aqui enaltecer o papel do senhor bastonário da Ordem dos Médicos [Miguel Guimarães], que deu um grande contributo, percebendo que, precisamente por isso, porque nós temos muitos serviços que estão depauperados em recursos humanos, que precisam de mais médicos, que não podemos perder esta oportunidade de assegurar ainda a capacidade formativa dos jovens especialistas”, salientou.
Assinalando que a formação destes especialistas “demora tempo, quatro, cinco ou seis anos”, o governante avisou: “Se nós não começarmos agora já a alargar o número de especialistas em formação, teremos no futuro ainda mais dificuldades do que aquelas que estamos a enfrentar”.
“Este é um mapa de vagas que garante que no futuro nós não enfrentaremos os problemas que temos tido no presente”, disse.
Contudo, referiu: “Nós teremos que anunciar medidas para os próximos dois anos, que são ainda anos difíceis, onde muitos médicos atingem a idade em que se podem reformar”.