"Depois de décadas de desinvestimento na ferrovia, de encerramento de linhas e de prioridade na rodovia e transporte individual, não consigo usar outra palavra para descrever o que estamos a fazer: revolução", afirmou Pedro Nuno Santos.
O ministro, que marcou presença de manhã no terminal ferroviário de Campanhã, no Porto, para a apresentação do projeto de alta velocidade para ligação de Lisboa ao Porto e Porto a Vigo (Espanha), afirmou que hoje "se começa a desenhar mais um passo na revolução" levada a cabo na ferrovia portuguesa.
Destacando que a aposta na ferrovia reúne consenso na sociedade, em particular, na necessidade de maior investimento "que raramente acontece em Portugal", Pedro Nuno Santos salientou que o país "não pode desperdiçar esta oportunidade".
"Não podemos adiar mais, nem hesitar mais, temos de acabar com o pára arranca que tanto caracteriza a decisão política em Portugal", disse.
Quanto ao projeto de alta velocidade, o ministro acredita que mudará a "face" do país de forma "permanente" e que Portugal "precisa dessa transformação".
"Temos de abandonar esse instinto tão nosso de achar que os objetivos são sempre demasiado ambiciosos para o nosso povo", reforçou, dizendo que ter o país "ligado" com comboios rápidos, confortáveis e pontuais está ao "alcance".
A par da rapidez, conforto e pontualidade dos comboios, Pedro Nuno Santos destacou que também está ao alcance do país "fabricar comboios".
"Temos pessoas que nos mostram diariamente que nada disto está fora do nosso alcance", assegurou, garantindo que a ferrovia não é uma "prioridade vazia", mas uma "aposta com resultados concretos, estratégia e ambição".
"É um instrumento para o desenvolvimento do país e já ninguém pára o comboio", acrescentou.
A nova linha de alta velocidade Porto-Lisboa, que pretende ligar as duas principais cidades do país em apenas uma hora e 15 minutos no serviço direto, não terá paragens e será construída em três fases.
“Esta linha estará totalmente integrada com o resto da rede ferroviária nacional. As cidades [do Porto e de Lisboa] serão servidas nas estações centrais”, disse Carlos Fernandes, do Conselho de Administração da Infraestruturas de Portugal (IP), avançando que a nova linha de alta velocidade terá via dupla e ligará o Porto e Lisboa numa hora e 15 minutos.
A construção está dividida em três fases, estando a primeira, o troço entre Porto e Soure, prevista concluir até 2028.
Neste que é, disse o responsável, o “troço mais congestionado da Linha do Norte”, o tempo de percurso estimado será de uma hora e 59 minutos.
O segundo troço, entre Soure e Carregado, que deve estar concluído até 2030, e deverá diminuir o tempo de percurso para uma hora e 19 minutos.
A terceira fase, entre Carregado e Lisboa, “será construída mais tarde”, disse Carlos Fernandes, e permitirá atingir a duração final de uma hora e 15 minutos de toda a ligação.