“O resgate das pessoas em todos estes territórios onde se realiza o referendo (…) está no centro das atenções da nossa sociedade e de todo o país”, disse Putin numa reunião com membros do Governo, citado pela agência francesa AFP.
A declaração de Putin coincide com o último dia da votação nas regiões ucranianas de Donetsk e Lugansk, no Donbass (leste) e em Kherson e Zaporijia (sul), iniciada na sexta-feira, 23.
A Ucrânia e os aliados ocidentais não reconhecem a validade dos referendos, que denunciaram como uma farsa.
Em 2014, a Rússia usou o resultado de um referendo, que também decorreu sob ocupação militar, para legitimar a anexação da península ucraniana da Crimeia.
O porta-voz do Kremlin (Presidência), Dmitri Peskov, disse hoje que a situação nas quatro regiões irá mudar após o anúncio dos resultados do referendo.
“Mudará radicalmente, evidentemente, do ponto de vista jurídico, do ponto de vista do Direito internacional, com todas as consequências correspondentes para as garantias de segurança nestes territórios”, disse Peskov, citado pela agência espanhola EFE.
“O nosso sistema legal considerará todas as opções e, claro, os nossos deputados, os nossos órgãos executivos e as nossas equipas jurídicas estão prontos”, acrescentou.
Pela primeira vez desde sexta-feira, quando se iniciou a consulta, a votação decorreu hoje em mesas de voto, uma vez que nos quatro dias anteriores tinha sido realizada em locais improvisados ou nas casas das pessoas, um procedimento que foi justificado com o objetivo de garantir a segurança dos eleitores.
Nas autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk, foram abertas 450 e 461 mesas de voto, respetivamente.
As autoridades pró-russas da região de Zaporijia, que é controlada em mais de 70% pelo exército russo, anunciaram a abertura de 349 mesas de voto.
Na região de Kherson, que está ocupada em mais de 90%, as autoridades anunciaram a criação de 198 comissões eleitorais.
Os referendos foram declarados válidos pelos seus organizadores, que alegaram uma participação superior a 50%.
Uma fonte parlamentar russa citada pela agência oficial TASS disse que a anexação destes territórios à Rússia será muito provavelmente formalizada já na sexta-feira, 30 de setembro, dia em que Putin poderá discursar ao país.
A União Europeia (UE) anunciou hoje que irá impor sanções a todas as pessoas envolvidas na organização dos referendos de anexação, que considerou como ilegais.
“Haverá consequências para todos aqueles que participaram na organização destes referendos ilegais e que os apoiaram”, disse um porta-voz da diplomacia da UE em Bruxelas.