"Aumentar o papel e a importância das armas nucleares nas doutrinas de segurança é contrário a décadas de esforços da comunidade internacional para reduzir e eliminar os riscos nucleares", disse, em comunicado, o gabinete de António Guterres, salientando que o secretário-geral está "profundamente preocupado" com a aprovação desta lei.
A lei foi aprovada numa sessão do parlamento do país na quinta-feira, durante a qual o líder norte-coreano, Kim Jong Un, garantiu que Pyongyang nunca abandonará o seu arsenal nuclear nem cederá às sanções internacionais contra o seu programa de armamento, nem mesmo "em centenas de anos".
"Se o sistema de comando e controlo da força nuclear nacional estiver em risco de ser atacado por forças hostis, um ataque nuclear é realizado automaticamente e imediatamente", refere a lei, citada pela agência KCNA.
Segundo a agência de notícias oficial norte-coreana, se a liderança de Pyongyang, incluindo Kim Jong Un, estivesse em perigo, um contra-ataque nuclear seria lançado, independentemente do tipo de ataque sofrido.
"Isto é interpretado com o propósito de sublinhar à comunidade internacional que a Coreia do Norte é um Estado com armas nucleares ‘de facto’”, disse Kim Jong Un.
A Coreia do Norte, ao prosseguir com o seu programa de armas nucleares, incluindo o desenvolvimento de mísseis com tecnologia balística, "continua a desrespeitar as resoluções do Conselho de Segurança para cessar tais atividades", disse Guterres.
O secretário-geral da ONU reiterou o seu apelo à Coreia do Norte para que retome "o diálogo com as principais partes interessadas com vistas a alcançar uma paz sustentável e a desnuclearização completa e verificável da Península Coreana", segundo o comunicado.
Já o líder norte-coreano defendeu que as armas nucleares são necessárias para combater a hostilidade dos Estados Unidos, país que acusou de organizar uma campanha de pressão cujo “objetivo final” é derrubar o governo da Coreia do Norte.
Os contactos diplomáticos entre Washington e Pyongyang estão congelados desde 2019 devido a divergências sobre o alívio de sanções internacionais contra a Coreia do Norte e sobre uma eventual desnuclearização da península coreana.
Kim Jong Un criticou também os planos da vizinha Coreia do Sul de expandir as suas capacidades de ataque convencionais e de retomar exercícios militares em larga escala com os Estados Unidos, descrevendo-os como uma ação militar "perigosa" que aumenta as tensões.