Em Arganil, no distrito de Coimbra, durante a inauguração de três subsistemas de abastecimento de água ao concelho, o governante frisou que só o Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no uso de Recursos (POSEUR) mobilizou 560 milhões de fundos europeus para financiar 940 operações em todo o país.
“Este investimento continuará no futuro e, no quadro comunitário de apoio até 2027, os investimentos em abastecimento e saneamento terão continuidade”, garantiu João Galamba, sublinhando que, nas últimas décadas, a reforma do setor foi “estruturada com base em planos estratégicos sequenciais”.
O secretário de Estado do Ambiente e Energia revelou ainda que o Governo está a ultimar o Plano Estratégico para o Abastecimento de Água Residuais e Pluviais até 2030, “que pretende assegurar serviços de águas de excelência para todos e com contas certas”.
A água e a sua gestão exigem “uma agenda política clara, quando os estudos apontam para um cenário de escassez, de redução de pluviosidade e de períodos, cada vez mais frequentes e intensos, de seca extrema”.
Salientando que a precipitação diminuiu cerca de 15% nos últimos 20 anos, João Galamba indicou que os estudos mais recentes apontam para mais uma redução até final do século, entre 10 a 25%.
Apesar do atual quadro de seca extrema em Portugal, que vive o segundo ano mais seco desde 1931, o secretário de Estado do Ambiente e Energia afastou, para já, um cenário de racionamento de consumo de água humana, embora tenha apelado à sua poupança nos consumos não prioritários e que devem ser reduzidos.
O governante inaugurou hoje a reabilitação de três dos cincos subsistemas de abastecimento de água do município de Arganil (Vila Cova de Alva, Alqueve e Pomares), que representaram um investimento de 3,4 milhões de euros da empresa Águas do Centro Litoral (AdCL).
Inseridos no Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Água e Saneamento da AdCL, as três infraestruturas vão permitir abastecer em maior quantidade e maior qualidade mais de 4.000 habitantes naquelas freguesias do concelho de Arganil.
Na cerimónia, o presidente da Câmara de Arganil recordou que os investimentos inaugurados são o “culminar de um processo contratualizado em 2004”, com a então Águas do Mondego, atual AdCL, cujas intervenções deveriam ter sido concluídas até 2008.
Segundo Luís Paulo Costa, o grande atraso deveu-se “à grande complexidade” dos sistemas de abastecimento de água e dos sistemas de águas residuais”, a que não é alheia a “exigente” orografia do concelho, a dispersão por 180 aldeias, em 332 quilómetros quadrados do território municipal.
“A esta complexidade não é alheia a circunstância de uma boa parte das aldeias serem muito distantes entre si e com muito poucos habitantes”, disse o autarca, salientando também que “as exigentes circunstâncias” do concelho determinaram que existam cerca de 60 subsistemas autónomos de captação.
Destes 60, apenas cinco estão integrados no sistema multimunicipal da AdCL, já que os restantes 55, de pequena capacidade, não tinham dimensão para ser agregados e geridos por aquela empresa, o que, segundo Luís Paulo Costa, inviabilizou o acesso a financiamento comunitário.
O presidente da autarquia destacou que, nos últimos cinco anos, a AdCL e o município de Arganil investiram mais de 12 milhões de euros na reabilitação e ampliação dos sistemas de saneamento, abastecimento de água e melhoria da gestão dos resíduos sólidos no concelho.
O sistema multimunicipal da AdCL abrange 30 municípios dos distritos de Aveiro, Coimbra e Leiria e uma população de cerca de 1,1 milhão de habitantes.
Lusa