Esta posição foi transmitida por António Costa após ter recebido o presidente do PSD, Luís Montenegro, em São Bento, no primeiro encontro entre ambos e que durou mais de três horas e meia.
Perante os jornalistas, o líder do executivo referiu que a questão do novo aeroporto ocupou apenas “uma pequena parte da união”, adiantou que ficou marcada para “breve” nova reunião para tratar desse assunto, mas frisou que hoje “não se chegou a detalhes” em relação àquela matéria.
“É uma matéria, como é sabido, que há várias décadas o país tem por decidir e sobre a qual, com a crescente procura de viagens com destino a Portugal – e em particular à região de Lisboa -, é importante que haja acordo. Esse é um tema em relação ao qual eu acho que é muito importante que haja acordo, mas não sei se vai haver”, assumiu.
De acordo com a versão de António Costa, na reunião, não houve propriamente uma negociação, mas uma “partilha da informação disponível”, com Luís Montenegro a transmitir “o trabalho que internamente está a ser feito no PSD para que brevemente haja uma nova conversa sobre o assunto, mas não se avançou mais”.
Interrogado sobre as possibilidades de consenso entre Governo e PSD neste dossier do aeroporto, o primeiro-ministro voltou a defender a ideia de que “o normal em democracia é que os partidos construam alternativas para apresentar aos portugueses”.
“Uma das grandes forças da democracia em Portugal é ser capaz, até agora, de sempre tornar possível aos portugueses decidirem nas eleições se querem este ou aquele caminho. Compete aos dois maiores partidos construírem os melhores caminhos para apresentarem aos portugueses. Vamos ter agora anos de estabilidade política e os portugueses vão escolher em outubro de 2026 se querem continuar este caminho ou outro”, observou.
No entanto, para António Costa, além da necessidade de alternativas, “há matérias em relação às quais, é importante que haja acordos”, por exemplo ao nível das relações externas.
“Portugal tem uma grande credibilidade internacional fruto de possuir uma enorme estabilidade e continuidade na sua política externa, que apenas se quebrou na invasão do Iraque”, apontou, numa alusão ao período do executivo PSD/CDS, liderado por Durão Barroso, entre 2002 e 2004.
De acordo com o primeiro-ministro, também o objetivo de finanças públicas sãs é comum às maiores forças políticas, já que se trata igualmente “de um fator de credibilidade externa do país”.
“Depois, desde que me candidatei a primeiro-ministro, tenho insistido que, relativamente às grandes infraestruturas, às grandes obras públicas, é muito importante que haja um grande consenso nacional. São obras que duram para décadas, dificilmente começam e acabam numa legislatura e o país não pode estar sempre a mudar de posição sobre essa matéria”, alegou.
Neste capítulo, António Costa referiu que, durante a legislatura entre 2015 e 2019, “foi muito importante se ter aprovado por mais de três quartos dos deputados o Plano Nacional de Infraestruturas, “no qual se tomaram decisões fundamentais”.