“É claro que não vamos virar as costas aos muitos países do mundo que estão ameaçados pela fome como resultado da guerra” na Ucrânia, disse Annalena Baerbock ao lado de Anthony Blinken, que participa numa conferência internacional em Berlim sobre as repercussões da invasão russa no abastecimento de alimentos.
O secretário de Estado norte-americano referiu, por seu turno, que irá procurar uma solução diplomática para a questão alimentar, garantindo que continuará, ao mesmo tempo, a fazer pressão sobre a Rússia.
Tanto Blinken quanto Baerbock lembraram que as sanções contra Moscovo não afetam os alimentos, pelo que a Rússia não tem motivos para reter o seu próprio trigo, que também é necessário em muitos países do mundo.
“Muitos países abriram exceções para alimentos, incluindo o seguro de transporte. É por isso que a Rússia não tem razões nenhumas para reter o trigo”, apontou a ministra alemã.
Baerbock acusou ainda a Rússia de estar a ter um comportamento “cínico” sobre a questão e de espalhar informações falsas sobre o tema para responsabilizar o Ocidente pela crise alimentar.
“A Rússia trava uma guerra com armas, com trigo e também com informações falsas que temos de combater”, afirmou.
Os dois chefes da diplomacia asseguraram estarem a ser procuradas soluções, tanto por mar como por terra, que permitam vender o trigo ucraniano.
“Queremos organizar a saída de trigo [do país] também por via terrestre, embora esta (…) seja complicada do ponto de vista técnico e logístico”, admitiu Annalena Baerbock.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de quatro mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A guerra também causou a fuga de mais de 16 milhões de pessoas das suas casas, oito milhões das quais abandonaram o país, ainda segundo a ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
Lusa