“Quando é que o PS passa a assumir o seu papel democrático de força política alternativa e credível em Lisboa e deixa de correr atrás de todas as propostas, mesmo as mais esdrúxulas das pequenas forças políticas radicais à sua esquerda?”, questionou o deputado municipal do PSD Carlos Reis.
Na reunião da assembleia municipal, no âmbito da apreciação da informação do presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), sobre o trabalho do executivo camarário nos últimos dois meses, o deputado social-democrata Carlos Reis considerou “lamentável” a postura da oposição relativamente à área da mobilidade.
“As políticas e decisões de mobilidade não podem ser o campo de uma guerra constante feita de proclamações ocas, de recriminações ruidosas, de tomadas de posição histriónicas, a cada medida que se pretenda tomar a benefício dos cidadãos”, afirmou o deputado municipal do PSD, indicando como exemplo a alteração da ciclovia da Avenida Almirante Reis.
Considerando que “Lisboa nestes 246 dias de presidência de Carlos Moedas fez já história”, o deputado municipal do PSD realçou a aprovação dos transportes públicos gratuitos para residentes menores de 23 anos e maiores de 65 anos.
A governar sem maioria absoluta, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, realçou como características suas “a resiliência e o diálogo”, assumindo que “os obstáculos existem” na governação da cidade, mas a aprovação dos transportes públicos gratuitos é um exemplo de que é possível gerar consensos.
“Podemos ter mais exemplos, em que unidos, à volta de uma causa, conseguimos mudar Lisboa, portanto é essa a luta de todos os dias, é essa a minha ambição e será sempre essa a resiliência, ou seja, os obstáculos não me assustam”, declarou o autarca do PSD.
Da bancada do PS, o deputado municipal Rui Paulo Figueiredo afirmou: “Não tenho dúvidas que os lisboetas querem que seja aplicado o programa político de quem ganhou as eleições. Digo-lhe isto, senhor presidente, para que na sua resposta evite os números políticos de vitimização, se concentre na substância e assuma o que não tem feito”.
O socialista considerou que a informação apresentada por Carlos Moedas relativamente ao trabalho da câmara nos meses de abril e maio revela “uma cidade parada e pouco eficiente” no cumprimento e implementação das promessas políticas da coligação Novos Tempos (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança) que lhe deram a vitória, desde o seguro de saúde gratuito para os mais carenciados acima de 65 anos aos descontos de 50% no estacionamento da EMEL para residentes em toda a cidade.
“Uma Lisboa onde escasseia a obra e onde se celebra não o cumprimento e implementação dessas promessas, mas cada passo intermédio que, talvez, as leve a serem concretizadas ao fim de meses, um ano ou dois ou mesmo três anos. Propaganda, boa, há que reconhecer, mas, ainda assim, propaganda!”, criticou Rui Paulo Figueiredo.
O deputado municipal do PS apontou o recuo de Carlos Moedas em relação à proposta de alteração da ciclovia da Almirante Reis quando sabia que seria aprovada com a abstenção dos vereadores socialistas, considerando que tal é “um bom exemplo desta gestão da cidade e daquilo que se vai ouvindo pela Praça do Município: O presidente é simpático, mas não gosta de decidir”.
“Não basta sorrir, ouvir, fazer números políticos de vitimização ou de adiamento, também é preciso decidir, concretizar, cumprir as promessas, fazer cidade e isso não tem acontecido”, reforçou o socialista.
Em resposta, o presidente da Câmara de Lisboa interpretou o discurso do deputado socialista como “uma mudança de estratégia do PS, que é boa para todos, sobretudo para os lisboetas”, defendeu-se das críticas e assegurou que cumprirá o mandato: “Ainda nem passou um ano e o Partido Socialista esteve 14 anos, […] passaram sete meses, não se consegue fazer nesse tempo”.
Lusa