Numa intervenção política no Período Antes da Ordem do Dia (PAOD) da sessão plenária da Assembleia Legislativa da Madeira, o deputado socialista Miguel Brito recordou que, em 2011, “instalou-se a primeira central europeia para a produção de biocombustível com algas marinhas” na ilha do Porto Santo.
O objetivo era, conforme lembrou, “tornar-se uma referência mundial, atingindo independência energética” e acabar com a utilização de combustíveis fósseis na ilha.
No entanto, acrescentou o deputado, cinco anos depois, foi explicado que as microalgas não serviriam para produzir biocombustíveis, mas sim substâncias destinadas à indústria alimentar e de cosmética.
Entretanto, recentemente, a Empresa de Eletricidade da Madeira (EEM) anunciou a desistência da parceria com a empresa Buggypower, responsável pelo desenvolvimento de biomassa, questão que os eleitos querem ver esclarecida.
Os deputados socialistas solicitaram, por isso, a marcação de uma audição parlamentar com o presidente do conselho de administração da EEM, Francisco Taboada, tendo como objetivo saber “o verdadeiro motivo da desistência” da empresa pública do projeto.
“Que impacto terá a desistência deste projeto?”, questionou Miguel Brito, acrescentando que, “um mês depois do anúncio, a única coisa que se sabe é que um grupo privado está interessado em visitar a fábrica”.
O socialista referiu também que o projeto chegou a ter 75 trabalhadores, sendo que agora conta com 45. “Trabalhadores que neste momento questionam, com legitimidade, com que futuro podem contar”, salientou.
Por seu turno, o deputado do PS Vítor Freitas reforçou: “Não há aqui um grau de irresponsabilidade perante o despejo de tantos milhões sem que no fim a gente consiga tirar uma gota de biocombustível para o Porto Santo?”.
Pelo Juntos Pelo Povo (JPP), Rafael Nunes classificou a situação como “uma autêntica vergonha regional”, lamentando o silêncio do presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque (PSD).
“Nem uma palavra para justificar estes 45 milhões de euros que serão uma vez mais atirados para o povo pagar. Que será feito destas famílias, destes trabalhadores?”, perguntou.
Os deputados da maioria PSD/CDS-PP na Assembleia Legislativa da Madeira também não fizeram qualquer comentário no âmbito destas declarações.
O PSD, por seu lado, centrou a sua intervenção política na reivindicação ao Governo da República do aumento de verbas para as universidades insulares.
“A ausência de uma discriminação positiva coloca as universidades da Madeira e dos Açores numa situação de desvantagem perante as suas congéneres”, afirmou o deputado Válter Correia, acusando o executivo liderado por António Costa de ter como estratégia “impedir a majoração do financiamento das universidades da Madeira e dos Açores”.
“Esperamos, pois, que o bom senso finalmente impere e a majoração do financiamento das universidades insulares sejam uma realidade”, realçou.
Lusa