Citando fontes próximas do Governo e da Assembleia da República, o jornal escreve que “Igor Khashin era mais do que conhecido pelos serviços de informações” e “estava identificado e sob observação dos serviços, que não fazem investigação criminal, mas enviam relatórios”.
Outra fonte ligada à comunidade das informações citada pelo Expresso explica que os conselhos de compatriotas russos, como aquele que Khashin dirigia em Portugal, “são acompanhados com mais atenção desde 2014, depois da anexação da Crimeia pela Rússia”.
“É no SIS que funciona o departamento de contraespionagem, com a missão de conhecer as movimentações de serviços estrangeiros em território nacional, onde durante anos as equipas da chamada ‘Casa da Rússia’ se foram especializando em acompanhar as movimentações de russos em Portugal”, escreve o jornal.
O semanário adianta que “não existe, porém, qualquer investigação de foro criminal na Polícia Judiciária e no Ministério Público relativa às atividades deste russo”.
“Se o Alto Comissariado para as Migrações (ACM), que o Governo delegou para investigar o caso, averiguar a existência de algum tipo de crime neste processo agiremos em conformidade e será então aberto um inquérito”, escreve o jornal, citando uma fonte judicial.
Igor Khashin, dirigente da Associação de Emigrantes de Leste (Edintsvo), que agora é liderada pela sua mulher Yulia Khashina — funcionária da Câmara de Setúbal desde dezembro —, participava na receção dos refugiados ucranianos naquela cidade.
Depois de ter noticiado o caso há uma semana, o Expresso volta hoje a reproduzir declarações de alguns refugiados acolhidos em Setúbal que confirmam a presença no local de Igor Khashin, “com computador pessoal e a perguntar dados das pessoas”, acrescentando que chegou a fotocopiar documentos.
O Governo ordenou, entretanto, uma investigação ao município de Setúbal pela Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) e uma sindicância a realizar pela Inspeção-Geral de Finanças, face às denúncias de alegadas irregularidades no acolhimento de refugiados ucranianos.
Esta semana, a Câmara de Setúbal anunciou que tinha sido oficialmente informada do início das diligências para apurar eventuais falhas na receção de refugiados ucranianos, tendo o presidente da autarquia apelado, na sessão pública de câmara, a que se evite falar do assunto publicamente.
“Face à comunicação que já hoje recebemos […] entendemos que a partir deste momento, até à conclusão destas diligências, deveremos evitar voltar a comentar publicamente este assunto”, disse André Martins.