“Se tivesse a 16.ª queria a 17.ª, se fosse campeã da Europa, para o ano queria ganhar outra vez, e é isso que tem definido a minha carreira”, defendeu a judoca, depois de ter sido surpreendida no primeiro combate na competição, que decorre em Sófia.
Em 18 anos e 15 presenças em Europeus, Telma Monteiro nunca tinha falhado uma ida ao pódio, contabilizando seis medalhas de ouro, duas de prata e sete de bronze, que fizeram dela a mais medalhada entre as mulheres, a par da alemã Barbara Classen.
“Há dias que as coisas não correm tão bem. Felizmente, as pessoas não se lembram tantos desses, porque tenho muitos bons, mas há dias que não correm tão bem e nós temos a capacidade de os superar, é aquilo que nos faz [atletas]”, acrescentou.
Para Telma, são estas as horas que se tornam mais importantes, muitas vezes mais do que os momentos em que vence.
“Não é ganhar que nos faz como atletas, mas os dias em que as coisas não correm tão bem, que podiam ter corrido bem e não correram. A forma como nós reagimos, é nas dificuldades que mostramos quem somos, não quando tudo está bem”, disse ainda.
A derrota inesperada aconteceu no seu primeiro combate do dia na 70.ª edição dos Europeus de judo, a decorrerem entre hoje e domingo, com a judoca de -57 kg, que esteve isenta na primeira ronda, a ser surpreendida pela alemã Pauline Starker.
“Comecei muito superior, estava superior, mas o judo é isso, estar superior a luta toda, ter a sensação que és mais forte e num momento a pessoa tirar vantagem tática, técnica (…) e pontuar”, explicou.
No combate, a judoca olímpica portuguesa acabou por sofrer um ‘contra-ataque’ – e foi projetada para ippon -, quando tentava repetir um movimento que já tinha colocado Starker em dificuldades.
“De certa forma é um contra, eu tinha de ter melhor a minha manga esquerda, tentei fazer o movimento que já tinha feito no início do combate, que a tinha desequilibrado, tentei repetir e ela nesse momento meteu outra técnica, e, de carta forma, surpreendeu-me com isso, mas foi uma oportunidade que soube aproveitar”, considerou.
Telma Monteiro não procurou justificações para a derrota, embora reconheça que a preparação não foi a melhor, por ter feito menos randori [treino], depois de já ter estado infetada este ano com o novo coronavírus e de ter tido recentemente um acidente de viação, que limitou o trabalho.
“O ano passado fui aconselhada a não estar e fui campeã da Europa [em Lisboa], se me disserem que não estou em forma, mas estou apta para lutar, vou sempre lutar, foi isso que aconteceu, nunca fugi à luta e não ia começar a ser agora”, lembrou.
Depois dos Europeus, Telma Monteiro, que se mantém disposta a estar nos Jogos Olímpicos Paris2024, pretende agora preparar-se o melhor possível, mas apenas deverá à competição no ‘Grand Slam’ de Budapeste, em julho, ‘poupando-se’ ao desgaste da prova anterior, que será em Ulan Bator, na Mongólia.
Lusa