“Quero agradecer ao meu amigo Costa, que foi formidável. O António foi adorável, e fiquei muito emocionado”, afirmou o também Presidente francês em declarações à Lusa à chegada à cidade de Figeac, na região do Lot, no sudoeste de França, onde decorre o último comício do candidato antes da segunda volta das eleições presidenciais francesas.
Questionado se o apoio do primeiro-ministro português é importante, Macron respondeu: “É muito importante! A título individual, e entre os dois países”.
À chegada à praça Carnot, no centro de Figeac, o candidato do partido La République en Marche foi recebido por centenas de pessoas, que acenavam com bandeiras francesas, da União Europeia, e com o ‘slogan’ da campanha do candidato: “Emmanuel Macron convosco”.
Debaixo de um forte sol, Macron tirou ‘selfies’ e ouviu cantos de “Macron, Presidente” e “E um, e dois, e mais cinco anos”. Recebido pelo presidente da Câmara de Figeac, André Mellinger – que, apesar de ser socialista, apelou a que, na segunda volta, se vote em Macron –, o também Presidente subiu para um palanque para discursar.
Pouco depois do início do discurso, manifestantes contra Macron mostraram uma faixa, de uma varanda no topo de um dos edifícios na praça Carnot, em que se lia “Quando tudo for privado, ficaremos privados de tudo”.
“Felicitem-se por estarem numa democracia onde podem interpelar um Presidente e um candidato dessa forma", respondeu Macron.
Na quinta-feira, os primeiros-ministros de Portugal e Espanha e o chanceler alemão apelaram à votação em Emmanuel Macron nas eleições presidenciais de domingo, defendendo que a França deve permanecer do lado dos valores da Europa.
"A segunda volta das eleições presidenciais francesas não pode ser ‘business as usual’ para nós. A escolha que o povo francês enfrenta é crucial — para a França e para cada um de nós na Europa. É a escolha entre um candidato democrático, que acredita que a força da França cresce numa União Europeia poderosa e autónoma, e uma candidata de extrema-direita, que se coloca abertamente do lado daqueles que atacam a nossa liberdade e a nossa democracia — valores baseados nas ideias francesas do iluminismo", defenderam António Costa, Pedro Sanchez e Olaf Scholz.
Num artigo conjunto publicado nos jornais Público (Portugal), El País (Espanha) e Le Monde (França) com o título "França a votos: pela extrema-direita ou pela Europa", os três líderes socialistas e social-democrata europeus alertaram para os riscos colocados pela candidatura de Marine Le Pen, numa altura em que a Europa se encontra num "momento de viragem", após o que consideram "uma tentativa de reescrever a História" por parte do Presidente russo, Vladimir Putin, com o "ataque brutal" lançado "contra a Ucrânia e o seu povo".
"Os populistas e a extrema-direita em todos os nossos países têm vindo a identificar Putin como uma referência ideológica e política, repetindo as suas alegações chauvinistas. Fizeram eco dos seus ataques contra as minorias e a diversidade e do seu objetivo de uniformidade nacionalista. Não devemos esquecer isso, independentemente de quanto esses políticos tentem distanciar-se do agressor russo", defenderam.
Emmanuel Macron e Marine Le Pen passaram à segunda volta na corrida ao Eliseu com 27,8% e 23,2% dos votos, respetivamente. As últimas sondagens mostram um aumento da vantagem do Presidente cessante em relação à candidata da extrema-direita.