“O exército russo retirou à força cerca de 150 crianças de Mariupol [e transportou-as] em direção a Donetsk ocupada e [à parte russa da cidade de] Taganrog”, denunciou Olha Skrypnyk, diretora da organização não-governamental (ONG) Grupo de Direitos Humanos da Crimeia.
Segundo o assessor do presidente da câmara de Mariupol, Petro Andriushchenko, a maioria das crianças foi retirada dos hospitais, sem os pais, e os ocupantes levaram também 16 crianças de um centro de saúde.
Andriushchenko frisou que as crianças “foram sequestradas” e não são órfãs.
“Os órfãos, juntamente com os funcionários do orfanato, foram retirados de Mariupol a 24 e 25 de fevereiro”, disse o assessor camarário, citado pela ONG.
A mesma fonte declarou ainda que algumas das “crianças sequestradas perderam os pais devido aos crimes de guerra da Rússia”, mas “ou têm tutores nos territórios não-ocupados ou estão sob proteção do Estado” ucraniano.
A Ucrânia rejeitou hoje categoricamente o ultimato para a rendição dos militares ucranianos que ainda resistem na cidade portuária sitiada de Mariupol, cujas vidas o exército russo prometia poupar se depusessem as armas.
Sem comida, água potável ou aquecimento, Mariupol, onde continuam encurralados cerca de 120.000 civis, enfrenta uma das maiores catástrofes humanitárias do mundo, devido à agressão da Rússia, e as autoridades locais denunciaram que pelo menos 20.000 civis morreram desde o início da invasão.
A ofensiva militar lançada na madrugada de 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, mais de 5 milhões das quais para os países vizinhos, de acordo com os mais recentes dados da ONU – a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e “desmilitarizar” a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 54.º dia, já matou quase dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito mais elevado.