“Penso que isso vai acontecer muito em breve. Penso que irá acontecer dentro de algumas semanas, não de alguns meses”, disse Marin, citada pela agência francesa AFP, durante uma conferência de imprensa conjunta com a sua homóloga sueca, Magdalena Andersson.
A questão da possível adesão da Finlândia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) ganhou força no país na sequência da guerra na Ucrânia, que a Rússia invadiu em 24 de fevereiro.
Numa questão de semanas, o apoio à adesão, que estava nos 20-30% há décadas, mais do que duplicou ultrapassando os 60%.
A última sondagem, publicada na segunda-feira, indica que 68% dos finlandeses apoiam a adesão, com apenas 12% contra.
A Finlândia e a Rússia partilham uma fronteira de 1.340 quilómetros de extensão.
O Governo de Marin deverá apresentar hoje ao parlamento um relatório sobre as suas opções em matéria de política externa e de segurança, que será debatido a partir da próxima quarta-feira, de acordo com o calendário parlamentar.
O objetivo, explicou Marin há alguns dias, é chegar a uma decisão tão consensual quanto possível antes da cimeira da NATO em Madrid, no final de junho.
Marin disse hoje que qualquer decisão sobre a NATO tem vantagens e desvantagens, mas acrescentou que não há outra forma de ter garantias de segurança totais do que ao abrigo do Artigo 5.º da Aliança Atlântica sobre defesa conjunta.
“A Finlândia e a Suécia tomarão a sua decisão a partir das suas próprias perspetivas, independentemente, mas em estreito diálogo”, disse Marin, citada pela agência espanhola EFE.
A chefe do Governo da Finlândia admitiu, no entanto, que, idealmente, os dois países tomarão a mesma posição.
A Suécia também está a equacionar uma adesão à aliança militar ocidental, que conta atualmente com 30 Estados-membros.
Magdalena Andersson foi mais cautelosa após o encontro com Marin e recusou-se a falar de prazos específicos para uma decisão sobre a NATO, mas lembrou que um relatório sueco semelhante ao finlandês deverá estar pronto até 31 de maio.
Os sociais-democratas suecos anunciaram, na segunda-feira, a abertura de um debate interno sobre a questão.
A justificação foi a alteração da situação de segurança causada pela guerra na Ucrânia, apesar de o último congresso do partido, em novembro, ter aprovado a manutenção do estatuto atual do país de não integrar alianças militares.
Segundo o diário conservador Svenska Dagbladet, a liderança social-democrata já decidiu apoiar a adesão à Aliança Atlântica, algo que a primeira-ministra sueca se recusou a comentar.
“Temos de analisar a situação para ver o que é melhor para a segurança da Suécia e do povo sueco, e não devemos apressar as coisas. Tem de ser feito de forma muito séria e muito minuciosa”, disse Andersson.
O apoio dos suecos também aumentou desde a invasão da Ucrânia, atingindo já 50%.
A Rússia manifestou-se contra a eventual adesão da Finlândia e da Suécia à NATO, com a presidência em Moscovo a considerar, na segunda-feira, que a medida “não trará segurança adicional ao continente europeu”.
A Finlândia e a Suécia integram a União Europeia.
A invasão russa da Ucrânia desencadeou uma guerra que provocou um número ainda por determinar de baixas civis e militares.
A guerra, que entrou hoje no 49.º dia, levou à fuga de quase 12 milhões de pessoas, incluindo 4,6 milhões para países vizinhos.
A comunidade internacional reagiu à invasão russa com sanções económicas e políticas contra Moscovo, e com o fornecimento de armas a Kiev.